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Editorial da semana fala sobre “açudes vazios, carros pipa e Copa do Mundo: cenários distintos para 2014”
O programa Revista Independente, que vai ao ar todos os sábados das 11 às 13 horas, pelas rádios IND FM (107,7) de Serra Branca e Princesa AM (970), esta semana entrevistou o deputado estadual Carlos Batinga (PSC).
Neste sábado (7) o editorial de abertura do programa assinado por Simorion Matos foi “Açudes vazios, carros pipa e Copa do Mundo: cenários distintos para 2014“, que você confere abaixo.
O mundo inteiro esteve ligado na tarde de ontem no sorteio das chaves da Copa do Mundo, evento que em 2014 será realizado no Brasil com a participação de seleções de 32 países. Em todo o Brasil o clima foi de euforia. Olhos atentos na televisão acompanhavam o acontecimento.
O custo para a organização da Copa de 2014 já atinge mais de 26 bilhões de reais. A cifra é maior que o previsto no primeiro balanço orçamentário da União, de janeiro de 2011, e vai aumentar.
Para o governo federal, essa conta ainda não está fechada. Questionado, o Ministério do Esporte informou que a previsão é que os investimentos para o Mundial alcancem 33 bilhões de reais.
O país vai custear 85,% das obras relacionadas ao evento. O dinheiro vem dos governos federal, estaduais e municipais.
Os gastos envolvem obras de mobilidade urbana, estádios, portos, aeroportos, telecomunicações, segurança e turismo relacionados ao Mundial. De todo o dinheiro que será desembolsado para realizar a Copa do Mundo, apenas 4 bilhões serão bancados pela iniciativa privada.
Outros 15 bilhões serão financiados pelo governo federal por meio de empréstimos ou investimento direto nas obras. Os 7 bilhões restantes sairão dos Estados e das cidades-sedes.
Em 2008, ano seguinte ao anúncio de que o Brasil sediaria a Copa 2014, o então ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, declarou que não seria gasto “nenhum centavo de dinheiro público” com estádios do Mundial.
No país dos paradoxos, é difícil de entender a diferença dispensada pelo governo entre as obras para a Copa do Mundo e as obras da Transposição do Rio São Francisco, estas esperadas por dezenas de anos e que, sendo concretizadas, resolveriam o crucial e secular problema do abastecimento dágua no semiárido nordestino, especialmente nas regiões do Cariri e do Sertão da Paraíba.
Ao contrário das majestosas arenas do Mundial, a Transposição tem obras em atraso, falhas técnicas e desperdício de dinheiro.
Quando a obra foi lançada, a projeção era encerrar os trabalhos em 2011; agora, a promessa é para 2015. Alguns técnicos falam até mesmo em 2018.
Há dois anos, a paisagem seca do Sertão e do Cariri poderia ter começado a mudar, caso o governo federal tivesse cumprido a promessa de entregar as obras de transposição do rio São Francisco em 2011, conforme havia sido previsto pelo então presidente Lula. Desde o início dos trabalhos, em 2007, não faltaram percalços, abandono de construtoras e denúncias de superfaturamento.
O resultado disso, hoje, é uma obra incompleta, com trechos semiprontos que ligam o nada a lugar nenhum, que nunca foi unanimidade entre os especialistas.
No papel, o projeto de levar a água do São Francisco ao semiárido parece muito prático e de fácil aplicação. O grande problema é que a má gestão do governo vem fazendo com que construtoras abandonem os canteiros de obras. Trechos que já estão prontos sofrem com a impiedosa ação do tempo. O sol forte na região já rachou parte do concreto em alguns locais. Em outros, onde apenas o terreno foi recortado, o abandono dos trabalhos gerou o crescimento da vegetação onde passará o futuro canal.
Decorridos longos anos de espera, faltaram dinheiro, competência e decisão política para concluir as obras da transposição. Faltando 6 meses para a bola rolar, os palcos do majestoso teatro da Copa, estão praticamente prontos.
Com o açude de Taperoá seco, com o Serra Branca 2 ameaçando secar. Com o Jatobá de Princesa Isabel entrando em colapso e o Açude do Congo já respirando por aparelhos, só nos resta, por enquanto, esperar pelas latas dágua dos carros pipa presenteados pelo PAC2.
E quando a Copa chegar, embriagados pela mídia, poderemos vestir com entusiasmo patriótico a camisa verde-amarela, comemorando cada gol com a garganta seca, esperando morrer de sede na terra de Canaã.
com VITRINE DO CARIRI