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O editorial da semana do programa Revista Independente, que vai ao ar todos os sábados das 11 às 13 horas, pelas rádios IND FM (107,7) de Serra Branca e Princesa AM (970) teve como tema: “Exemplos da prisão: os 27 anos de Nelson Mandela e os 30 dias dos políticos do mensalão”. Para debater o assunto, foram convidados o vice-presidente estadual do PT, Rafael Maracajá e Antonio Alberto (Suprisso).
Confira abaixo o editorial:
Exemplos da prisão: os 27 anos de Nelson Mandela e os 30 dias dos políticos do mensalão
O mundo perdeu Nelson Mandela, um líder incomparável da África do Sul e do Mundo. Amanhã acontecerá o seu enterro, numa cerimônia elaborada com os procedimentos de um funeral de Estado, envolvendo toda a pompa militar.
Mandela se tornou símbolo global de paz e reconciliação.
Dos 95 anos vividos, passou 27 na prisão. Preso entre 1964 e 1990, o exemplo e o incansável espírito de Nelson Mandela serviram de inspiração para a luta pela igualdade nos Estados Unidos por várias gerações.
Em julho de 1964, um mês depois de Mandela ser condenado à prisão perpétua na África do Sul, os Estados Unidos da América viveram um momento histórico com a promulgação da Lei de Direitos Civis, que pôs fim à segregação racial, que como o apartáid, relegava os negros a cidadãos de segunda classe.
Mandela foi preso e condenado sob acusação de atividades subversivas. Durante o processo Mandela assumiu a defesa comum. Suas palavras tinham tom de manifesto. Ele afirmou que cultivou o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual todos poderiam viver em harmonia e com chances iguais. Disse que, se fosse necessário, morreria pelo seu ideal.
No cárcere, foi um prisioneiro admirado. A sua cela tinha o fundo voltado para o mar, para que ele não pensasse em fugir, o que seria impossível. A libertação foi efetuada 27 anos após a prisão. Mandela entrou na prisão como militante e saiu dela como um mito. Um mito cujo primeiro gesto foi levantar o punho, sinalizando um gesto de vitória. Em abril de 1994, com as primeiras eleições multirraciais na África do Sul, Nelson Mandela foi oficialmente escolhido presidente da República.
As homenagens prestadas agora pelo povo sul africano a Nelson Mandela, um líder que passou 27 longos anos na prisão, acusado de insubordinação, nos levam a uma reflexão comparativa com o nosso Brasil, onde a cerca de 30 dias aconteceram prisões de influentes políticos. Entre eles, José Genoíno, o ex-presidente do PT, partido que conquistou o poder erguendo a bandeira da seriedade e da transparência. Em seu blog, antes de se apresentar, Genoíno se declarou ‘preso político’ e reiterou que é ‘inocente’ e que ‘não existem provas’ contra ele.
Genoíno foi condenado a seis anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha.
A prisão dos condenados no julgamento do mensalão marcou um fato sem precedentes na história política do Brasil, que pela primeira vez vê atrás das grades importantes líderes políticos condenados por corrupção.
Comparando as situações, chegamos a uma gigantesca interrogação. Que lições e exemplos poderá tirar o povo brasileiro da prisão dos mensaleiros?
Na África do Sul, a prisão de Mandela uniu cada vez mais aquele povo, que via naquele homem negro um exemplo de grandeza e cidadania.
No Brasil, decorrido o primeiro mês de prisão dos amigos e companheiros da presidenta Dilma e do ex-presidente Lula, como pensa o nosso povo?
O julgamento do caso do mensalão, maior escândalo de corrupção da História do Brasil, e a prisão dos envolvidos, não alteraram a intenção de voto de 93,5% dos eleitores para as eleições presidenciais de 2014, segundo levantamento do Instituto Paraná Pesquisa em 158 municípios brasileiros, entrevistando 2.250 eleitores. Somente 6,50% dos entrevistados admitiram que a prisão dos meliantes mudou seu voto.
Para 57,17% dos eleitores, a prisão dos mensaleiros não contribui para “diminuição efetiva nos casos de corrupção entre os políticos do Brasil”.
Até parece que, por aqui, a corrupção é um caso sem jeito.
Por Simorion Matos
Foto: Reprodução/facebook.com/fred.menezes.12