26
O deputado Carlos Batinga denunciou claramente: deputados governistas que ocupam secretarias de Estado estão invadindo as bases dos demais deputados, principalmente os de oposição. De acordo com Batinga, os deputados que são secretários estariam praticando chantagens e pressionando prefeitos em municípios onde ele atua politicamente.
Batinga disse que já teve prejuízos eleitorais em consequência da perda de aliados por conta das investidas de um deputado que secretário. Afirmou que perdeu o apoio do prefeito de Parari, José Josemar, conhecido como Josa. “O prefeito de Parari, Josa, era um aliado histórico. Mas eu compensei a perda e acabei não tendo prejuízo eleitoral, neste caso, porque a oposição me procurou para declarar que vai votar em mim”, declarou o deputado Carlos Batinga. Ele preferiu não citar nomes dos deputados que investiram tentando cooptar seus aliados.
O deputado do PSC disse que os outros dois prefeitos se dispuseram a dizer que votariam em aliados do governo por questões de sobrevivência. “Eles dizem que vão votar em aliados do governo, mas isso não vai acontecer, já que a relação de um candidato com um município pesa muito e os desconhecidos, oportunistas de última hora, tendem a não lograr sucesso eleitoral”, afirmou Carlos Batinga.
João Gonçalves: crimes eleitorais
No momento em que Batinga conversava com a reportagem do Correio, o deputado João Gonçalves, que é da base governista, ouviu a conversa e se aproximou. Não para sair em defesa dos colegas governistas, mas para confirmar a denúncia do colega oposicionista. “estão cometendo verdadeiros crimes eleitorais”, sustentou o parlamentar tucano.
“Aqueles que exercem funções públicas estão cometendo crime eleitoral ao usarem os cargos para cooptar lideranças. Vou denunciar e cobrar providências, porque estão fazendo uso do erário em troca de apoio político para a campanha eleitoral deste ano”, comentou João Gonçalves. João Gonçalves preferiu não citar nomes. Mas Carlos Batinga completou: “Como João Gonçalves é governista, está sendo ameno nas críticas. Porém, ele também tem perdido áreas eleitorais por causa do jogo desleal de seus próprios colegas que usam a máquina para angariar apoios políticos visando as eleições de outubro”.
Aldemir não tem conflito
O deputado José Aldemir (PEN) disse que não está enfrentando nenhum conflito com os deputados que são secretários, nem com pretensos candidatos a primeiro mandato, nem com ex-deputados que querem retornar á Assembleia Legislativa da Paraíba.
No entanto, disse José Aldemir, “não posso deixar de enxergar que os deputados que exercem cargos no governo e candidatos a primeiro mandato tentam invadir as áreas dos deputados em todo o Estado”.
“Parlamentares que estão no exercício de cargos no governo aproveitam para barganhar apoios em troca de ações das secretarias. Não é segredo. Ouço queixas em relação a Manoel Ludgério e também em relação a Adriano Galdinio”, declarou José Aldemir, acrescentando que são muitas as denúncias e queixas em relação à invasão de áreas dos deputados por aqueles que exercem cargos no governo. José Aldemir disse que nenhuma ação dos secretários deputados lhe afeta. Outros deputados confirmaram, mas não quiseram se pronunciar sobre o assunto. A campanha para as eleições do dia 7 de outubro deste ano só será iniciada em junho, depois que os partidos realizarem suas convenções e homologarem os nomes que estarão na disputa das vagas para presidente da República, governadores dos Estados e do Distrito Federal, senadores, deputados federais, deputados estaduais e deputados distritais.
No entanto, a “guerra” entre os postulantes às 36 vagas da Assembleia Legislativa da Paraíba já começou. E começou acirrada. Deputados estaduais que vão disputar a reeleição, a exemplo de Carlos Batinga (PSC), Tião Gomes (PSL) e João Gonçalves (PSDB), denunciam que estão tendo suas bases eleitorais invadidas por outros deputados que também estão em busca da reeleição e por forasteiros que disputarão pela primeira vez.
Tião Gomes disse que não vai admitir que suas bases sejam atacadas pelos colegas. Denunciou que três deputados estão comprando lideranças políticas (prefeitos, ex-prefeitos e vereadores) de municípios onde ele atua. Declarou que vai denunciar formalmente os três ao Ministério Público Eleitoral, com pedido de providências. Segundo Tião Gomes, trata-se de um crime eleitoral.
“Estão comprando lideranças políticas em minhas bases eleitorais. E o mais grave: estão comprando as lideranças com dinheiro público”, denunciou o deputado, que é presidente estadual do PSL. Tião Gomes está licenciado e se recupera de uma cirurgia na coluna. Retornará ao mandado na Assembleia tão logo acabe o recesso parlamentar, depois do Carnaval. Invasão das bases no interior
Adelson Barbosa
Jornal Correio da Paraíba
OPIPOCO