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Entre os anos de 2007 e 2011 a Paraíba teve um aumento de 150% no número de homicídios. O crescimento equivale ao dobro do segundo colocado no país, a Bahia, onde o aumento foi de 75%. Só em 2011, foram registrados na Paraíba 44 homicídios a cada 100 mil habitantes, índice que fica atrás apenas de Alagoas, que teve 76,3 homicídios para cada 100 mil habitantes no mesmo ano.
Os dados foram divulgados no Relatório Global sobre Homicídios 2013, lançado mundialmente ontem pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), pertencente à Organização das Nações Unidas (ONU).
A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Segurança Pública informou que o secretário só faria comentários após analisar a pesquisa. Por sua vez, o secretário de Estado de Comunicação, Luís Torres, não atendeu aos telefonemas da reportagem.
Conforme o relatório, a região Nordeste sofreu grande aumento na violência, tendo Pernambuco como a única exceção, já que lá a taxa de homicídios caiu em 38,1%. Outro destaque na redução dos homicídios foi o Rio de Janeiro, onde o declínio foi de 29%, além de São Paulo, onde a diminuição foi de 11%.
Apesar das disparidades encontradas entre as regiões, o documento revela que o Brasil apresenta estabilidade no registro de homicídios dolosos, mas ainda integra o segundo grupo de países mais violentos do mundo, com uma média de 25 homicídios para cada 100 mil habitantes. Só em 2012, foram registrados 50.108 homicídios no Brasil, o que equivale a 11,4% dos assassinatos cometidos no mundo todo, que foram 437 mil.
O professor de Ciência Política e coordenador do Núcleo de Estudo da Violência da UFPB, José Maria Nóbrega, não se surpreendeu com os dados. Segundo ele, a Paraíba vem mesmo registrando um crescimento muito acentuado na violência, principalmente a partir de 2006, quando passou a haver uma melhor distribuição de renda.
Ele explicou que o Nordeste apresenta uma contradição nesse quesito. Enquanto na maior parte dos lugares a melhoria na renda faz a violência decrescer, o mesmo não vem sendo observado aqui. A hipótese pesquisada por ele é de que havendo mais pessoas com dinheiro, existem mais vítimas em potencial para os criminosos.
O especialista apontou ainda a explosão do tráfico de crack, uma droga relativamente barata, como fator crucial nesse aumento, assim como a frágil atuação da polícia, que segundo ele precisa melhorar seu planejamento estratégico.
Alguns dos fatores apontados no levantamento como geradores de violência letal são justamente o abuso de álcool e outras drogas, e também a disponibilidade de armas de fogo. O relatório destaca ainda que políticas públicas na área de prevenção aos homicídios só funcionam se forem direcionadas às vítimas e agressores potenciais.
PERFIL DAS VÍTIMAS
Aproximadamente 80% das vítimas de homicídio e 95% dos autores desse crime no mundo são homens. Quase 15% de todos os homicídios resultam de violência doméstica (63,6 mil), e quase 70% das vítimas mortais dessa violência (43,6 mil) são mulheres.
No Brasil, 90% das vítimas de homicídios são do sexo masculino, mas quando se trata de vítimas do sexo feminino, muitas delas são assassinadas pelos seus parceiros ou familiares.
Bárbara Wanderley
Jornal da Paraíba