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“Volveremos, volveremos, volveremos otra vez. Volveremos a ser campeones, como la primera vez” é uma das músicas cantadas pela torcida uruguaia para apoiar sua seleção. Se o Uruguai voltará a ser campeão no Brasil não é possível saber ainda, mas o Itaquerão, em São Paulo, viu outro retorno: o de Luis Suárez. O atacante, que 20 dias antes do Mundial teve que operar o joelho, não atuou na estreia. Voltou nesta quinta-feira e já mostrou por que é o craque do time. Vitória do Uruguai sobre a Inglaterra por 2 a 1, dois gols dele, o que deixa os sul-americanos vivos no Grupo D, enquanto a Inglaterra se complica.
Os ingleses podem ser eliminados já na próxima sexta-feira, em caso de empate entre Itália e Costa Rica, que duelam em Recife. E isso graças ao melhor jogador de seu campeonato local – Suárez, do Liverpool, pode ser o responsável por eliminar a seleção do país no qual joga. Herói uruguaio. Seu entrosamento com Cavani deu resultado mais uma vez, e o Uruguai segue com seu sonho de repetir a história que produziu em 1950.
Fases do jogo: Duas seleções que precisavam da vitória para ficar vivas no Grupo D. Uma seleção que usualmente atua melhor contra times grandes do que contra pequenos. Que gosta de ser a zebra. E foi isso que o Uruguai se propôs a fazer nesta quinta. E fez perfeitamente. Com drama, muito drama, como gostam os uruguaios.
No primeiro tempo, ótimo futebol dos Celestes. Suárez mostrando que é essencial e marcando, após cruzamento de Cavani. A Inglaterra simplesmente não conseguiu jogar. Na segunda etapa, o outro lado uruguaio: a raça. A Inglaterra partiu para cima, marcou com Rooney – seu primeiro gol em Copas – e continuou a pressão. O Uruguai gostou. Apostou no lançamento para a frente. Na correria de Suárez. Deu certo. Vitória emocionante. Três pontos. O Uruguai pega a Itália pela vaga. OS gramados brasileiros já viram este time fazer história. E podem fazer de novo.
O melhor: Luis Suárez – O atacante passou por artroscopia no joelho e não se recuperou a tempo de jogar contra a Costa Rica, na estreia do Uruguai na Copa. Derrota. Ele voltou para salvar sua seleção e cumpriu seu papel. O ataque uruguaio funcionou – apesar das chances perdidas na cara de Joe Hart. Dois gols dele, duas jogadas com envolvimento de Cavani. Tudo que os uruguaios queriam.
O pior: Cahill – O zagueiro do Chelsea, assim como seu companheiro Jagielka, deixou Cavani e Suárez soltos. No primeiro gol, Suárez aparece nas costas da zaga, solto para cabecear. No segundo, ele ganha na velocidade de Cahill e fuzila Hart. Na rivalidade Liverpool e Chelsea, Suárez fez o lado vermelho vencer.
Toque dos técnicos: O primeiro tempo foi do Uruguai, e muito em razão das mudanças feitas por Oscar Tabarez para o jogo em relação a estreia. Forlán foi para o banco, assim como Stuani, e Lodeiro e Suárez entraram. A ligação entre meio e ataque do Uruguai passou a funcionar e os sul-americanos foram para o intervalo na frente.
Coube a Roy Hodgson responder. Ele abandonou a formação com quatro atacantes – por mais que Rooney e Sterling fiquem mais recuados – e colocou Barkley e Lallana. As mudanças surgiram efeito. Os ingleses pararam de correr e souberam trabalhar a bola. Glen Johnson fez linda jogada pela direita até achar Rooney sozinho para a salvação inglesa. Só que a Inglaterra resolveu ficar na pressão, e levou o gol da derrota em contra-ataque.
Chave do jogo: Luis Suárez. O homem que joga na Inglaterra, que foi eleito o melhor jogador no país. O homem que é criticado por supostamente ser “cai-cai”. Criticado, pelo jeito, jamais será novamente na terra da Rainha. Não após “destruir” a seleção europeia. Às vezes, a chave é a individualidade. A estrela de um jogador. Nada que possa ser criado, influenciado por outros. Suárez foi a chave. Sozinho.
Para lembrar:
O canto de “Timão, eô” era entoado pela torcida do Corinthians em seu estádio até segundos antes de Suárez acertar a cabeçada do primeiro gol uruguaio. Se o time paulista ainda não venceu em sua nova casa, pelo menos deu sorte para o Uruguai.
Álvaro Pereira recebeu pancada na cabeça aos 17 minutos do segundo tempo e caiu no gramado. Os médicos uruguaios que o atenderam apontaram para o banco pedindo sua substituição. Foi a deixa para que o jogador do São Paulo levantasse e veementemente se negasse a sair, gesticulando com os dedos para mostrar que ficaria em campo. E ficou.
A cantora Rihanna ‘cornetou’ o goleiro Muslera durante o jogo. Um minuto depois, ele fez uma linda defesa. Mais tarde, defesa espetacular em chute a queima-roupa de Rooney. Talvez a cantora não entenda tanto de futebol.
Luis Suárez comemorou seu primeiro gol de maneira especial: abraçando Walter Ferreira, fisioterapeuta da seleção uruguaia. Foi ele o responsável pelo tratamento no joelho do atacante, que voltou a jogar menos de um mês depois de passar por artroscopia.
Com UOL