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O professor João Abner Guimarães Júnior, especialista em recursos hídricos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), defende a proposta de que a fome, a sede e as perdas agrícolas enfrentadas, anualmente, por quase 20 milhões de brasileiros que vivem no Semiárido nordestino, poderiam ser evitadas se existisse um programa de abastecimento de água para a região nos mesmos moldes do Programa Luz para Todos.
Segundo o professor potiguar, tem água para consumo humano e animal, tem água sobrando. Tem estoques de água suficiente para atender plenamente. São 10 bilhões de metros cúbicos armazenados na região acima do Rio São Francisco, em grandes reservatórios e um sistema adutor com capilaridade seria suficiente para atender a toda a demanda local, comprometendo menos de 20% da disponibilidade hídrica dos reservatórios.
O especialista conclui a sua tese, destacando que o Semiárido brasileiro é um dos sistemas ambientais mais chuvosos do mundo, mas o acesso à água não está democratizado. E afirma que 95% da água se perde em evaporação.
O drama se aprofunda na medida em que a escassez do precioso líquido deixa de atormentar apenas a população nordestina e passa a ser uma dura realidade também em regiões onde a água sempre foi abundante, a exemplo de São Paulo.
Isto demonstra que a situação do Semiárido nordestino, reflete falhas do cenário nacional. O Brasil concentra a maior parte da água escoada no mundo, mas enfrenta problemas de má distribuição: 72% estão na Região Amazônica; 19% no Centro-Oeste; 6% no Sul e Sudeste; e apenas 3% no Nordeste.
Diante dos dados e dos fatos, persiste um questionamento: falta água, ou não existe uma política pública para captar essa água e levar para quem precisa?
Ao longo da história, nesta terra onde ainda convivemos com a ultrapassada, porém necessária imagem do carro-pipa, estamos historicamente acostumados a ouvir lamentações sobre a falta de água. Muito se fala no problema e quase nada se diz sobre as alternativas de convivência com o fenômeno.
O foco tem que mudar. Precisamos entender que água não é problema, tem que ser solução.
Por Simorion Matos
Jornalista e Radialista. Pós Graduado com Especialização em Desenvolvimento do Semiárido, pela UFCG