21
O deputado Carlos Batinga (PSC), fez pronunciamento, na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), analisando artigo sobre Mobilidade e Conjuntura, escrito a partir de pesquisa realizada em Curitiba (PR), pela Brain Bureau de Inteligência Corporativa, a pedido do jornal Gazeta do Povo, mostrando que a Capital paranaense, que já foi considerada cidade modelo para o Brasil outros países, quando o assunto era transporte público e inovação, perdeu a capacidade de inovar “pela opção equivocada do governo em incentivar o automóvel, em detrimento ao transporte coletivo”.
Segundo Batinga, que também é engenheiro civil e especialista na área de transportes, “nenhuma cidade do mundo resolveu seus problemas de mobilidade urbana, através do transporte individual, mas o Brasil continua insistindo neste caminho equivocado e permanece na contra mão da história”.
Batinga destaca que o artigo intitulado de: “O Predador”, discute texto publicado no portal do jornal francês Le Monde, no final de março deste ano, que é taxativo ao dizer que o que ora se vê em Curitiba “é o fim de um mito”.
“Na mesma matéria o Gazeta do Povo também conta que, um mês antes do artigo do Le Monde, um grupo de estudantes de pós-graduação da Universidade Mines ParisTech esteve em Curitiba e o resultado foi que espantaram-se com a violência e com a incapacidade da prefeitura em inovar nas soluções para o transporte público, optando pelo metrô, uma invenção de 150 anos atrás”, imaginem o que eles pensariam se tivessem visitado outras capitais, comenta o deputado.
A pesquisa contratada pelo jornal de Curitiba, divulgada no último domingo (19), traz números que podem reforçar a tese de que a cidade teria perdido sua capacidade de inovar, particularmente quando o tema é transporte público. “Mas será que tal problema é exclusividade da capital do Paraná? Se há especificidades, estas por si só não respondem à pergunta. O mais óbvio é buscar a resposta nas demais cidades de porte médio e grande do Brasil, que viram crescer de forma assustadora seus problemas de trânsito e, por conseguinte, de mobilidade urbana”, afirma.
No pronunciamento, Batinga ressalta também é importante lembrar uma entrevista do então ministro dos transportes Cloraldino Soares Severo à revista Veja em julho de 1983, portanto há 31 anos, quando o regime político do Brasil, ainda distante da democracia e às voltas com as sequelas deixadas pela grave crise do petróleo dos anos 70, buscava na diminuição do uso do automóvel e na ênfase ao transporte público uma saída para uma situação que se avizinhava perigosa para a economia brasileira.
Nesta entrevista (com o título “O automóvel é predador”), Cloraldino Severo é taxativo ao afirmar que “pouco será possível fazer, se o Brasil não entender que, em tempos de austeridade, a hora é do transporte coletivo”. “O ministro sabia do que falava. O Brasil não entendeu, e hoje pouco se pode fazer a curto prazo, pois o caos se instalou no trânsito ”, comenta Batinga.
Batinga afirma que neste momento o grande desafio para as cidades e seus gestores é combinar um presente de atrasos com um futuro ainda distante. Segundo ele, “mais difícil ainda será, sem dúvida, contar com a compreensão daqueles que vêem em seus carros a única opção aceitável de mobilidade”, enfatizou.
Referência
O deputado paraibano é considerado uma referência na área de mobilidade urbana. Ele foi secretário de transportes das cidades de Salvador (BA), Natal (RN) e João Pessoa (PB); elaborou planos diretores de diversas cidades e trabalhou na ONU prestando consultoria na área de transportes urbanos em Caracas e Bogotá.
Assessoria