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A Superintendência do Banco do Nordeste (BNB) na Paraíba reuniu na quarta-feira (8) órgãos governamentais, representantes do setor produtivo, organizações sociais e parceiros locais para debater sobre a aplicação dos recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) para 2015, estimado em R$ 819 milhões. A expectativa é de obter melhores resultados que os alcançados até agosto deste ano, quando foram utilizados apenas 42,46% do crédito disponível do fundo, que tem as taxas de juros mais competitivas do mercado.
O problema, conforme justificou o superintendente do BNB na Paraíba, José Maria Vilar, é que neste ano tem sido um ano com um calendário atípico, com o feriado de Carnaval no mês de março e a realização de eventos extraordinários como a Copa do Mundo, além das eleições, que também provocaram uma retração nas aplicações.
“Temos tido uma demanda inferior do que a esperada, mas temos uma demanda em carteira de diversos projetos, são propostas que estão em processo de análise, e que esperamos até o final do ano vermos concretizados”.
Mesmo com R$ 810 milhões para serem utilizados em financiamentos de crédito no exercício de 2014, foram utilizados até agosto pelos setores primários (agricultura e pecuária), secundário (indústria) e terciário (comércio e serviços) paraibanos um total de R$ 344 milhões, segundo o superintendente do BNB, José Maria Vilar.
Do montante investido, a maior fatia ficou com a indústria (33%), pecuária (20%) e turismo (18%). Já os setores de agricultura (7%), serviços (1%) e agroindústria (1%) tiveram menores investimentos pelas linhas de financiamento do FNE este ano.
Para o assessor técnico da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraíba (Fetag), Ivanildo Dantas, o setor que mais sofreu o impacto pela falta de investimentos foi o da agricultura familiar. “O recurso do FNE fomenta as linhas de créditos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), mas defendemos a aplicação de taxas diferenciadas e mudanças de critérios para a concessão de crédito para os trabalhadores do semiárido, pois hoje recebemos o mesmo tratamento que é dado a quem é do Sul. Outros pormenores, como a regularização fundiária, precisa ser resolvida, porque quando o agricultor não tem a titularidade ele tem dificuldade de acessar as linhas de crédito”, explicou.
O diretor administrativo do Sebrae na Paraíba, Ricardo Madruga, acredita que é preciso um olhar mais atento às micro e pequenas empresas, que representam 99% dos CNPJ no Brasil, como potenciais investidores com os recursos do FNE. “Temos que naturalmente abraçar o desafio do BNB para que a gente consiga reter esse dinheiro no Estado da Paraíba. Para isso é preciso que as empresas que estão em fase de crescimento tenham um tratamento diferenciado. O Estado atravessa um momento econômico ímpar, cabe ao empresariado aproveitar para surfarmos nessa onda de bonança”, disse.
Já o secretário de Estado do Planejamento e Gestão, Thompson Mariz, disse que o governo do Estado está satisfeito com o quantitativo destinado à Paraíba, mas entende que a fatia do FNE destinada ao Nordeste está aquém das necessidades do Estado.
“Nossa participação no PIB da Região é de 6,3%. Estamos satisfeitos com a quantidade de recursos para o Estado, mas há que se inverter essa lógica”.
Provido de recursos federais, o FNE financia investimentos de longo prazo e, complementarmente, capital de giro ou custeio. O FNE é operado pelo Banco do Nordeste.
Angélica Nunes – Jornal da Paraíba