30
Um vigilante foi morto em frente ao Lyceu Paraibano ao tentar impedir que uma pessoa que não estuda na escola entrasse na unidade de ensino. Em outro caso, um aluno esfaqueou outro em uma briga em frente a uma unidade escolar de João Pessoa.
Casos chocantes marcam com violência um ambiente que deveria ser utilizado apenas para garantir o futuro de milhares de crianças e adolescentes e o quesito segurança passou a se tornar uma preocupação para pais e alunos da rede de ensino municipal e estadual da capital.
Seja com câmeras de segurança, ou linha direta com a polícia, os gestores das unidades de ensino passaram a sentir a necessidade dos prédios constantemente assistidas pelas forças policiais, seja de dia ou à noite. Prova disso são testemunhos de alunos que, ao chegar ou sair do ambiente escolar, vivenciaram casos de violência. Matheus Oliveira faz parte desses casos. Ele estuda o 8º ano na Escola Municipal Cônego João de Deus, situada no bairro da Torre.
Segundo Matheus, a região em que ele estuda é relativamente tranquila, o que nunca o deixou temeroso para ir para a escola ou voltar para casa, mas isso foi até, há poucos meses, ter sido vítima de um assalto no caminho para casa. “Eu nunca achei aqui inseguro, mas um dia fui abordado, levaram uma corrente que eu tinha e outras coisas, era bem cedo e eu, a partir desse dia, passei a me sentir desprotegido”, contou.
A escola em que Matheus estuda possui vigilante, alarme e câmeras de monitoramento há cerca de 30 dias. Para ele, esses equipamentos são ótimos, mas não permitem que os alunos se sintam 100% seguros. “A instalação de câmeras de segurança foi feita há pouco tempo. Eu vejo um benefício no sentido de ver quem fez isso ou aquilo dentro da escola e acaba que isso afeta um pouco a questão da segurança, mas não tem câmeras voltadas para fora da escola, o que me faz me sentir protegido apenas dentro, não fora”, afirmou.
Assim como Matheus, a estudante do 6º ano do ensino fundamental Ana Beatriz Alves relembra casos de pessoas que foram assaltadas perto de sua escola, o que a faz perceber que a segurança não é uma palavra que se pode usar nas redondezas de sua unidade escolar. “Eu conheço várias pessoas que já foram assaltadas por aqui. Eu nunca fui, graças a Deus, e considero aqui seguro até, mas para falar a verdade, poderia ser melhor”, comentou.
Para os pais dos alunos, a insegurança é algo que preocupa cada vez mais e que requer maior atenção dos poderes públicos. Conforme a dona de casa Rizonete da Silva, que possui filhos e netos estudando em escolas públicas da capital e que também é estudante da modalidade Ensino de Jovens e Adultos (EJA), a insegurança observada fora do ambiente escolar também é refletida no seu entorno, bem como dentro das instituições. “Honestamente, o mundo está muito perigoso, você não anda mais na rua sem medo, então, não só para esses alunos, mas para todos nós deveria haver mais segurança”, opinou.
Com um filho estudando em uma escola pública municipal localizada na capital, o construtor Wellington Cavalcante afirma saber bem o que é se sentir inseguro. Segundo ele, apenas de imaginar seu filho tendo que sair de casa e, muitas vezes, ir sozinho à escola, já é imaginar o que pode acontecer no percurso ou mesmo dentro da escola, visto que a insegurança se tornou algo latente. Porém, para o construtor, esse sentimento tem feito com que este passe a ser um compromisso firmado não somente pelos poderes públicos.
“Eu acho que hoje em dia melhorou muito a questão da conscientização da própria escola nesse quesito. Diretores, professores e pais estão mais preocupados e esse fortalecimento conjunto tem feito com que haja essa união de forças. A criança é vulnerável independente do lugar ou da escola, cabe aos pais e professores estarem de olhos abertos, sempre atentos aos horários de chegada e de saída para evitar que algo aconteça aos nossos filhos”, disse.
Na opinião do construtor, as câmeras que foram instaladas na escola em que seu filho estuda trouxeram benefícios no sentido de regular as atividades dentro da escola. Apesar de considerar a segurança externa ainda deficitária, ele pontuou os benefícios dessa primeira medida. “As câmeras dentro da escola nos deixaram mais seguros se pensarmos que, caso aconteça algo dentro da escola, os nossos filhos estarão resguardados. O diretor observa tudo e em qualquer situação dá para se saber quem cometeu. Acho que é um recurso a mais, embora ainda seja preciso fazer mais”, frisou.
OTHACYA LOPES – JORNAL DA PARAÍBA