27
Leonardo da Mata Santos, de 21 anos, morreu atropelado após uma briga entre palmeirenses e santistas na rodovia Anchieta neste domingo (19), na região de São Bernardo do Campo. Mais quatro torcedores foram atropelados e, segundo relato de testemunhas à polícia, um teria sido baleado. Sete pessoas foram detidas, três delas sob custódia, já que ainda estão internadas.
A briga começou no km 18, por volta das 12h30, de acordo com a Ecovias, e durou aproximadamente uma hora e meia. A pista expressa, no sentido São Paulo, chegou a ser bloqueada pela companhia e pela PM para garantir a segurança de motoristas.
A assessoria de imprensa da PM chegou a informar que um torcedor atingido por tiro foi resgatado pelo Samu, mas o suposto ferido não foi localizado pela Polícia Civil em nenhum hospital.
Um dos atropelados foi levado pelo helicóptero Águia da Policia Militar ao Hospital das Clinicas e outros dois atropelados foram encaminhados ao PS Central de São Bernardo do Campo, sendo um deles Leonardo, que morreu no local, segundo a administração do hospital. Há ainda um torcedor no hospital Mario Covas, em Santo André.
No final da tarde, o tenente Mauricio Bijarta, do 1º Batalhão da Polícia Rodoviária, esteve no PS Central de São Bernardo para algemar um torcedor que está em estado grave, porém estável. Quando receber alta ele deverá ser encaminhado ao 2º DP do município, para onde já foram levados os outros detidos. Um deles também havia sido atropelado e hospitalizado, mas teve apenas ferimentos leves e foi liberado pelos médicos.
Duas irmãs e um cunhado de Leonardo da Mata estiveram no 2º DP, mas não quiseram falar com a reportagem do G1. Eles disseram que, até às 19h30, os pais do rapaz ainda não sabiam da morte.
Os palmeirenses teriam feito uma emboscada para parar dois ônibus que traziam integrantes da Torcida Jovem do Santos e não tinham escolta policial. Na tarde deste domingo, o Palmeiras recebeu o Santos no estádio do Pacaembu, na capital, pelo Campeonato Brasileiro de Futebol. O time santista venceu por 3 a 1.
Segundo o delegado Ivan Parisotto, do 2º DP de SBC, dois ônibus da Torcida Jovem se dirigiam à sede social da torcida, no Jardim Aricanduva, na Penha (Zona Leste de São Paulo), mas teriam sido interceptados na altura do km 17,75 da Anchieta. Um grupo de 100 a 150 palmeirenses tentou bloquear a passagem, mas os motoristas dos ônibus conseguiram desviar.
No entanto, dois carros que vinham logo atrás acabaram atropelando alguns dos torcedores. O acidente teria envolvido um Audi e um Meriva e, conforme o registro no Boletim de Ocorrência, o motorista deste último estaria armado e teria atirado em um palmeirense. Esse torcedor, no entanto, não foi levado a nenhum hospital e seu paradeiro é desconhecido pela polícia.
Paus e pedras foram usados na briga. Rojões e disparos de arma de fogo foram ouvidos. Por volta das 19 horas, ainda era possível encontrar no local tênis sujos de sangue, deixados para trás por torcedores, além de paus, pedras, restos de rojões e até peças de carros, como pedaços de placas e espelhos retrovisores.
Um vigia que trabalha na Rua Carlos Maranesi e não quis se identificar diz ter ouvido ao menos três tiros durante a briga. Ele conta ainda que, pouco antes da confusão, uma Fiorino branca teria estacionado no local e seus ocupantes teriam entregue pedaços de pau a torcedores do Palmeiras que já aguardavam os santistas.
Detenções e apreensões
Seis torcedores foram detidos: Jeverson José dos Santos, de 24 anos; Marcio Ramon de Souza, de 34 anos; Anderson Ricardo Figueiredo Veras, de 25 anos; Leandro Nobrega Martins, de 22 anos; Cecílio Cocuzzi Neto, de 26 anos, e Marivaldo dos Santos Souza, de 34 anos.
Um sétimo torcedor, ainda internado no Hospital das Clínicas, também deverá ser indiciado, segundo o delegado. Todos serão enquadrados no Artigo 41 B do Estatuto do Torcedor, por provocar tumulto, e no Artigo 288 do Código Penal, por associação criminosa, um crime inafiançável.
A polícia apreendeu 44 pedaços de pau, semelhantes a cabos de enxada, cinco rojões, seis pedregulhos e uma faca de cozinha.
No carro de Leandro, um Fox preto, foram encontrados uniformes da torcida organizada Mancha Verde e ao menos cinco rojões. Em seu celular, a polícia achou mensagens no Whatsapp, nas quais ele relatava a amigos que havia participado da briga, que tinha ouvido disparos de arma de fogo e testemunhado atropelamentos (veja abaixo fotos do diálogo, divulgadas pela Polícia Civil). Outro telefone que estava no carro, possivelmente de um dos feridos que ele transportou, também continha mensagens relacionadas a grupos da Mancha Verde de São Bernardo do Campo e de São Paulo.
“Não podemos afirmar com certeza, mas temos essas evidências”, diz o delegado Ivan Parisotto, do 2º DP de SBC, ao apontar indícios de que houve realmente a emboscada.
Globoesporte