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Um cruzamento com os pés, um cruzamento com as mãos. Um em cada tempo. E duas comemorações da torcida atleticana, soberana – e única – na Arena Independência.
Foi a partir de lançamentos para área, uma das marcas registradas da equipe, que o Atlético-MG fez 2 a 0 sobre o Cruzeiro nesta quarta-feira no jogo de ida da final da Copa do Brasil. Amuleto da equipe, o atacante Luan abriu o placar. Provavelmente o melhor do Galo na partida, o meia Dátolo completou o marcador. Um jogo que teve polêmicas também.
Uma vantagem até de certo ponto gigantesca para este Atlético-MG, pelo clássico e pela situação: no dia 26 de novembro, na partida decisiva, no Mineirão, a equipe de Levir Culpi não precisará da virada épica, algo necessário contra o Corinthians nas quartas de final e contra o Flamengo na semifinal.
A virada histórica, agora, caberá ao Cruzeiro comandado por Marcelo Oliveira. Na ponta do lápis, o líder do Brasileiro precisa vencer por três gols de diferença para levar o título da Copa do Brasil. Vitória por 2 a 0 leva o jogo para os pênaltis. Qualquer triunfo por diferença menor de três gols e com o Atlético-MG marcando – como 3 a 1, 4 a 2, etc. – dá a taça ao clube alvinegro.
O brilho da soberania mineira na final da Copa do Brasil não ficou no jogo bonito. Ficou na disputa, dura, mas sem ser desleal. Limpa, com árbitro Marcelo de Lima Henrique deixando jogo correr e evitando ao máximo trancar a partida com faltas. Melhor do que a briga nos bastidores causada pela questão dos ingressos para as torcidas visitantes.
A disputa teve seu primeiro ápice logo aos oito minutos. Na direita, Marcos Rocha cruzou uma vez. Bruno Rodrigo rebateu. Na segunda, Marcos Rocha acertou: bola na pequena área para Luan, de apenas 1,70m e em posição irregular, cabecear para abrir o placar.
Gol do jogador do Atlético-MG na Copa do Brasil. Único no time inteiro a ter marcado em todas as fases a partir das oitavas de final. Por definição, o amuleto de Levir Culpi dentro de campo.
O cenário se desenhou a partir da abertura do placar. Aos poucos, o Cruzeiro foi tomando conta da posse de bola. O Atlético-MG recuou e passou a apostar nos contra-ataques. Ao mesmo tempo, uma forte marcação no meio impedia que Lucas Silva, o elo cruzeirense entre meio e ataque, saísse com qualidade.
Sobrou para Everton Ribeiro. Com movimentação mais intensa e procurando o jogo já na intermediária defensiva, o camisa 17 procurava armar. Não obteve tanto sucesso. Assim como o Atlético-Mg não conseguiu levar mais perigo de fato ao gol de Fábio.
Coube à segunda etapa o segundo ápice do jogo. E também a segunda polêmica. Com 12 minutos, Marcos Rocha entrou novamente em ação. Sem os pés. Da lateral, com as mãos ele mandou para área. O garoto Carlos, de costas para marcação protegeu e ajeitou. Dátolo, livre, chutou firme: 2 a 0 para o Atlético.
O Cruzeiro precisava ir para cima. E foi. Aos poucos, foi ameaçando mais. Na melhor delas, Everton Ribeiro chutou de fora da área. A bola passou raspando a trave esquerda de Victor. Depois, em uma cobrança de escanteio, veio a reclamação.
A bola viajou e bateu no braço do zagueiro Jemerson, claramente aberto da área. Arbitragem – juiz, assistente e adicional – mandou o jogo seguir.
Nos minutos finais, com o Cruzeiro mais com a bola e pressionando o rival, saiu o primeiro cartão amarelo do jogo. Josué, aos 41 minutos do segundo tempo, recebeu a advertência fatal: ele está suspenso para a partida de volta. E 120 segundos depois, Tardelli quase compensou sua ausência em contra-ataque, mas Fábio, firme, fez ótima defesa. Defesa que representou quase um gol para o visitante.
Gols, aliás, que precisam aparecer para o Cruzeiro conseguir sua virada histórica. Gols que não podem acontecer para o Atlético-MG para levantar a taça.
ESPN Brasil