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Lionel Messi encontrou neste sábado a melhor maneira de colocar fim, de uma única vez, a duas crises dentro do Barcelona: um novo recorde. O argentino comandou a goleada de seu time sobre o Sevilla por 5 a 1 pelo Campeonato Espanhol e tornou-se o maior artilheiro da história da competição. Com três tentos marcados nesta tarde, o craque chegou a 253, todos com a camisa da equipe catalã, e deixou para trás a marca de 251 que pertencia a Telmo Zarra, ícone do Athletic Bilbao.
A expectativa pelo recorde de Messi já vinha se arrastando em meio à fase negativa do Barcelona. O argentino, que teve a chance de atingir a marca até mesmo num jogo no estádio Santiago Bernabeu, do Real Madrid, passou algumas rodadas sem marcar, desde a derrota para o rival, e não conseguia igualar a marca de Zarra.
O fim do jejum de gols e da cobrança pelo recorde veio justamente numa partida sob pressão. Não porque o adversário fosse difícil, mas porque Messi e o Barcelona vivem momentos difíceis. Em entrevista concedida nesta semana ao jornal Olé, o camisa 10 admitiu que pode deixar o clube em algum momento, diferentemente das eternas juras de amor de outrora. A declaração deflagrou uma onda de especulações sobre os reais motivos pelos quais o casamento estaria prestes a acabar. O pai de Messi e o técnico Luis Enrique tiveram de por panos quentes, e até o Real Madrid se assanhou e passou a flertar com o atacante.
Para o Barcelona, o “vai ou fica” de seu maior jogador coincidiu com um momento de crise técnica, com o time tendo seu futebol contestado como não se tinha visto em toda a última década, desde os tempos de Louis Van Gaal no comando (2003). Depois de derrotas para Real Madrid e Celta de Vigo no Espanhol, o Barça chegou a vencer o Almeria, mas jogando mal. Hoje, Messi colocou tudo isso no passado. Neymar também marcou o gol dele, de cabeça, após cobrança de falta. O resultado deixa o Barcelona com 28 pontos, a dois do líder Real Madrid.
Fases do jogo
O técnico Luis Enrique armou o Barcelona com Xavi entre os titulares, ao lado de Ivan Rakitic. A alternativa deu mais posse de bola e mais da velha identidade ao Barça. Mas não foi o suficiente para que a equipe voltasse a jogar o futebol que mostrou nas últimas temporadas.
O Barcelona começou o jogo em baixa velocidade. Muito baixa, até. E dependeu de uma cobrança de falta de Lionel Messi, já na metade do primeiro tempo, para abrir o placar. Era o gol que lhe dava o recorde de artilharia do Espanhol ao lado de Zarra. Era tudo que se veria no primeiro tempo
Após o intervalo, o jogo começou de verdade. Jordi Alba, lateral esquerdo do Barça, marcou gol contra após cruzamento do Sevilla, e empatou o jogo. A partir da igualdade no placar, Messi teve de agir. E chamou o jogo. Passou a criar jogadas para Luis Suárez e Neymar, mas ainda sem tanta contundência. Minutos depois de sofrer o gol, Xavi cobrou falta de longe e colocou na cabeça de Neymar. O brasileiro desempatou e deixou o time da casa à frente novamente.
Rakitic, o parceiro de Xavi enquanto Andrés Iniesta não volta a jogar, também fez. Após cruzamento de Suárez, marcou de cabeça. Depois de longas temporadas pelo Sevilla, não comemorou o gol marcado contra o ex-clube.
Messi superou Telmo Zarra e se isolou na marca histórica, de maior artilheiro de todos os tempos do Campeonato Espanhol, em jogada trabalhada com Suárez e Neymar. Recebeu do uruguaio, tocou para Neymar, que devolveu para que ele empurrasse para o gol. Logo depois, o argentino fez jogada individual, tabelou com Neymar e marcou o quinto gol do Barcelona. Foi atirado para o alto pelos companheiros, que reconheceram seu feito histórico e genialidade.
O melhor: Lionel Messi
Indiscutível. Fez três gols, espantou a crise do Barcelona e alcançou um recorde histórico, único e absoluto.
O pior: Gerard Piqué
O zagueiro espanhol do Barcelona parece, de fato, dar motivos para que Luis Enrique o coloque no banco de reservas. Não aproveitou a oportunidade como titular e deverá voltar a ser opção como suplente. Foi dele a falha que provocou o gol do Sevilla.
Toque dos técnicos
Luis Enrique tenta dar cara nova ao Barcelona, mas esbarra na identidade que o clube criou na última década. Neste sábado, o Barcelona marcou os três primeiros gols de forma pouco usual: uma cobrança de falta direta, um cabeceio a partir de outra cobrança de falta, e um cabeceio a partir de um cruzamento. Nada a ver com o tiki-taka de Guardiola. Apesar de não ter jogado bem nas últimas rodadas, foi absolutamente eficiente no 5 a 1 sobre o Sevilla.
Com UOL