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O município de Serra Branca tem uma meia dúzia de maus vereadores. São maus, não apenas porque apóiam incondicionalmente o prefeito Dudu “Marasmo” Torreão, dando-lhe sustentação nos malfeitos. Se estivessem na oposição, seriam maus vereadores do mesmo jeito. O problema dos maus vereadores já está na origem dos seus mandatos.
Entre os maus vereadores, alguns são representantes da antiquada política de família, um resquício da República Velha. Existem como fósseis vivos, apegados a tradições obsoletas do voto voltado para o passado. São preguiçosos e cortesãos, carregam um ar enturido das cortes absolutistas.
Entre os maus vereadores, todos entre todos são eleitos pelos usos do poder político. Uns, escanchados na garupa da edilidade, trocam “favores’ por votos, distribuem exames clínicos e medicamentos, consultas e cirurgias, transporte de doentes; outros, montados na ignorância das pessoas que não sabem buscar o que têm por direito, se elegem como despachantes, vendendo facilidades nas repartições públicas.
Entre os maus vereadores, todos entre todos abusam do poder econômico porque não têm o voto espontâneo, o voto de opinião, o voto do eleitor que não perde a dignidade, do cidadão que não se vende e não se troca. Os mandatos dos maus vereadores custam caro e são adquiridos a peso de ouro. É que, além do assistencialismo cotidiano, para “segurar” o voto, precisam, no linguajar deles, “fazer um complemento” às vésperas da eleição.
Entre os maus vereadores, todos entre todos são corporativistas. Até brigam entre si quando está em jogo o voto popular, mas na hora de protegerem um colega acobertam os erros uns dos outros, por mais grave e palpável que seja a denúncia contra um vereador acusado.
Entre os maus vereadores, todos entre todos acobertam os erros do prefeito. Nas sombras, nos bochichos e na surdina até criticam o gestor municipal e falam de seus erros. Mas, nas horas cruciais, baixam a cabeça. Aprovam contas irregulares. Boicotam comissões de inquérito. Forjam relatórios para esconder obras inacabadas e fraudadas.
Entre os maus vereadores, nenhum merece ser nomeado. Todos entre todos apostam que continuarão vencendo eleições indiscriminadamente porque todos acreditam que têm dinheiro para comprar votos e sempre há eleitores que se venderão.
Sobre os maus vereadores, se não houver uma mudança na cultura política, especialmente no que tange à política municipal, enquanto uns saem dos mandatos e outros ficam, chegam figuras do mesmo naipe. Serra Branca precisa mudar a cultura política para se livrar dos maus vereadores.
Em tempo: o mau em si não existe, é sempre uma construção. Que seja desconstruído.
Por Zizo Mamede