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É comum encontrar, pelas ruas e rodovias de cidades do interior paraibano, animais de grande e médio porte, a exemplo de cavalos, jumentos, vacas, cachorros, caprinos, dentre outros, deixados livremente por seus donos, circulando entre o trânsito e o passeio dos pedestres, muitas vezes pondo em risco a segurança dos que ali trafegam. A situação pode ser reflexo da criação de animais com fins comerciais no perímetro urbano e também do abandono pelos seus responsáveis.
Em Aroeiras, cidade distante mais de 175 quilômetros de João Pessoa e localizada no Agreste paraibano, a situação preocupa principalmente os motoristas. “Eu tenho que passar diariamente pelas rodovias e sempre me deparo com animais. Quando menos se espera eles aparecem e é difícil desviar deles. Essa situação é muito arriscada e tenho que ficar sempre atento para evitar que um acidente aconteça”, comentou o motorista Edvaldo Alves, que mora na cidade de Aroeiras e trafega diariamente pelas estradas da região.
Quem se locomove pela PB-238, uma das vias de acesso ao Sertão do Estado, também relata que encontra vários animais na pista ou pastando nos acostamentos e proximidades. Os animais chegam a atrapalhar o trânsito dos veículos nos dois sentidos de circulação. “É um risco para nós motoristas e também para o animal. O poder público tem que fazer alguma coisa”, criticou a motorista Simone Costa.
O problema é observado também no Litoral paraibano. Frentistas de um posto de gasolina na cidade de Mamanguape dizem que na região é comum encontrar animais de grande porte sozinhos, andando soltos. “Dia sim, dia não, a gente vê cavalo, boi, esses animais passando pela pista. Nunca vi um acidente, mas é perigoso porque eles aparecem do nada”, disse o frentista Israel Silvandré.
Em João Pessoa, a responsável pelo recolhimento dos animais é a Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur). Segundo balanço do órgão, divulgado no mês passado, foram recolhidos 687 animais das ruas da capital em 2014. Destes, 544 eram cavalos, sendo 47 filhotes; 113 jumentos e 30 bovinos.
Em Campina Grande, o Centro de Zoonoses é o órgão responsável pela fiscalização e também mostra dados preocupantes. Em 2014, foram apreendidos 1.292 animais, sendo 360 jumentos, 779 cavalos, 87 burros, 62 bovinos e 4 caprinos na área urbana da cidade.
CIDADES DEVEM REMOVER BICHOS DA ÁREA URBANA
O desleixo e abandono dos animais nas vias públicas e rodovias é tanto que o Ministério Público da Paraíba (MPPB), através da Promotoria de Saúde e do Meio Ambiente da Comarca de Catolé do Rocha, recomendou que os gestores municipais das cidades de Brejo dos Santos, Bom Sucesso, Jericó, Mato Grosso, Riacho dos Cavalos e Catolé do Rocha adotem todas as medidas legais cabíveis para remover criatórios irregulares de animais do perímetro urbano.
A medida, de acordo com o documento, considera a situação de risco para a população em geral, bem como ofensa às legislações municipais. Nele, o MP determinou que as prefeituras “recolham imediatamente todos os animais abandonados e aqueles que estejam soltos irregularmente pelas ruas aplicando as penalidades previstas aos seus proprietários e responsáveis, e que informe em 30 dias as providências adotadas”.
RECOLHIMENTO
Tanto em João Pessoa, quanto em Campina Grande, os órgãos responsáveis pelo recolhimento dos animais de grande porte realiza rondas de fiscalização nas vias, além de contar com o apoio dos moradores para denunciar e informar o local onde os animais estão soltos.
Os proprietários podem retirar os animais mediante pagamento de taxas de serviço que variam de R$ 30 a R$ 100, cumulativamente à taxa de diária de permanência do animal no local. “Os proprietários de animais soltos em vias públicas em situação irregular devem estar cientes também que estão sujeitos a sérias implicações caso o animal se envolva em acidentes de trânsito, podendo ser responsabilizado civil e criminalmente”, reforçou o superintendente da Emlur, Lucius Fabiani.
PRF RECOLHE BICHOS DAS BRS
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também recolhe animais das rodovias federais e adverte para o alto número de acidentes provocados pelo problema. Segundo o órgão, a maior quantidade de animais apreendidos é no Sertão, de onde foram retirados das estradas, em 2014, 345 animais, em sua maioria jumentos e cavalos.
“Este é um tipo de ocorrência comum, pois muitos animais são abandonados e acabam caminhando quilômetros em busca de alimento e água. Nas rodovias eles podem causar graves acidentes, porque como os carros trafegam em alta velocidade, é difícil frear e desviar dos animais”, afirmou o agente Daniel Pereira.
Jornal da Paraíba