Animais de rua poderão ser mortos para proteger saúde na Paraíba

Os animais doentes que vivem abandonados e espalhados em ruas de cidades paraibanas poderão ter que ser sacrificados. As autoridades alegam que a medida é para proteger saúde pública, mas grupos de defesa de animais dizem que cidades do interior estariam armazenando cães em locais inadequados, sem estrutura mínima e defendem o controle populacional com medidas de castração.
A alegação de especialistas em saúde pública é de que os cães e gatos que vivem nas ruas podem transmitir doenças que oferecem risco a saúde humana, como a raiva e o calazar, que pode ser transmitida através de mosquitos infectados, que picam os animais doentes e podem passar a doença se entrarem em contato com a pele humana. A doença tem cura para os humanos, mas não para os animais.
A prefeitura do Município de Sumé, a 265 km de João Pessoa, é uma das cidades que vem se reunindo para tentar solucionar o problema. De acordo com o secretário de Saúde municipal, Antônio Carlos, existe uma estrutura local e a possibilidade de sacrifício de cães é levada em conta.
“Nós temos uma estrutura aqui na cidade e estamos tentando resolver a situação dos animais de rua. São muitos e temos que tomar providências porque é uma questão de saúde pública e eles podem transmitir doenças. Ainda estamos em fase de planejamento, mas a intenção é de sacrificar os animais que estejam doentes e sem condições de tratamento”, disse o secretário.
Em nota, a prefeitura de Sumé informou ao Portal Correio que “não se tomará uma política pública de extermínio indiscriminado de cães e gatos, mas sim, unicamente, o sacrifício de animais doentes que sejam nocivos à saúde humana, desde que haja prévio exame clínico atestado por órgão competente”.
No entanto, Lindally Gonzaga, representante da ONG Harpias, que cuida e promove ações de adoção de animais de rua em João Pessoa, as cidades do interior não possuem suporte para custear ou garantir o tratamento correto e as devidas acomodações desses animais, que muitas vezes sofrem com a má alimentação, falta de cuidados e chegam a morrer nos canis.
“Uma prefeitura de cidade do interior não consegue manter um centro com uma estrutura minimamente possível se não houver planejamento. No caso de Sumé, recebemos denúncias de que animais mortos estão no mesmo local que os vivos, em local a céu aberto e sem cuidados. Não podemos tolerar esse tipo de descaso com os animais, que só podem ser sacrificados com confirmação de laudos”, afirmou Lindally Gonzaga. A prefeitura de Sumé nega.
Para a representante da ONG, as cidades devem promover a castração de animais de rua, que é o método mais indicado para o controle populacional. “A melhor maneira de se cuidar e evitar um aumento dessa população é a castração. O que não pode é recolher animais de rua e colocá-los em um local sem condições. Apenas jogá-los para adoção não resolve, até porque a taxa de adoção desses animais é de apenas 10%”, garantiu Lindally.
Centro de Zoonoses em João Pessoa
Na Capital, o trabalho do Centro de Vigilância Ambiental e Zoonoses, ligado a Secretaria de Saúde, é de recolher animais que estejam doentes, oferecendo risco a população ou ao trânsito.
Segundo a médica veterinária Suely Silva, os animais que chegam ao local passam por um período de observação para avaliação da saúde e exames. “Os animais chegam e são feitos exames para detectar doenças. Estando bem de saúde, o animal vai para adoção e fica conosco até ser adotados, mas se estiver com alguma doença, como o Calazar, ele tem que ser sacrificado porque a doença não tem cura nos animais e eles podem ajudar a infectar os outros”, falou.
Além dos testes de saúde, os animais não dóceis também correm o risco de serem sacrificados. “Se for dócil e não apresentar comportamento agressivo, vai direto para adoção. Se o animal for de comportamento difícil, nós tentamos ressocializá-lo para que seja adotado”, concluiu a veterinária.
Outras cidades pretendem adotar medidas
Além de João Pessoa e Sumé, outras cidades da Paraíba, como Bayeux, Cabedelo e Santa Rita também estariam com ações de controle populacional de animais de rua.
Segundo o coordenador do Núcleo de Zoonoses da Secretaria Estadual de Saúde, Assis Azevedo, as cidades devem tomar precauções para poder realizar serviços de recolhimento e sacrifício de animais de rua.
“A partir do momento que a prefeitura recolhe esses animais, ela fica responsável por eles. As cidades devem ter estrutura para fazer isso. Elas podem procurar o Zoonoses estadual para orientações. Quanto à eutanásia de animais, a prefeitura só pode realizar isso com os devidos laudos que confirmem a doença e se houver também algo no código de postura do Município. Se o sacrifício for feito sem autorização no código, o Município cometerá um crime”, alertou Assis Azevedo.
Portal Correio

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