Você, que corre o olhar nessas linhas, responda com franqueza, mesmo que seja somente a si mesmo: Conhece algum exemplo de corrupção envolvendo pessoas muito próximas? Há corrupção nas repartições públicas onde seus amigos ou familiares trabalham? Conhece alguem que frauda a declaração do imposto de renda? Tem alguma afinidade com comerciante que sonega? Sabe de alguem que adulterou o valor de um imóvel para pagar menos imposto?
Essas perguntas fazem todo sentido aqui no município de Serra Branca. Aqui a reação das pessoas com a corrupção funciona assim: Quanto mais distante do nosso dia a dia, dos nossos vizinhos, colegas, amigos e familiares está ocorrendo a corrupção, mais as pessoas ficam indignadas, revoltadas e inquisidoras.
Mas, aqui entre nós, quanto mais próximos da vida cotidiana estão os indícios de corrupção, menos ou nula é a indignação e a revolta e mais evidente é a tolerância, a conivência ou a conveniência das mesmas pessoas com a famigerada corrupção.
Veja-se, a propósito, o forte indício de mal feitos nas compras da Secretaria de Serviços Urbanos do município de Serra Branca: mais de 400 mil reais foram gastos entre 2013 e 2014 com a compra de mercadorias que a prefeitura de Serra Branca pagou, mas nunca recebeu, não armazenou nem usou.
Só a título de exemplo, são dezenas de milhares de metros de fios elétrico que nunca foram instalados e nunca levaram energia de nenhum lugar para lugar nenhum. Dezenas de milhares de tijolos e telhas, sem nenhuma obra, nem correspondente mão de obra. Milhares de metros de tubos (canos) que nunca foram usados pela prefeitura. Toneladas de barras de ferro e até rolos e rolos de arame farpado que ninguém viu.
Tais despesas realizadas empenhadas e pagas pela prefeitura de Serra Branca correspondem de fato a compras para beneficiar a população do município? Não se trata de compra de notas fiscais “frias” ? A mercadoria que não foi entregue ainda será entregue? Por que a prefeitura pagou pela mercadoria que não recebeu?
Uma hipótese: Todo esse material de construção, pago mas nunca recebido pela prefeitura de Serra Branca, não teria sido distribuído, a mando ou à revelia do prefeito Dudu Torreão, com eleitores e “clientes” do prefeito? Teria distribuído e em nome de que interesse?
Diante desta flagrante situação, apenas os três vereadores da oposição, Professor Galeguinho, Renan Mamede e Paulo Sérgio de Sucuru investigam e denunciam esses desmandos cometidos com o dinheiro público. Os demais vereadores estão mudos, calados, entupidos e sumidos.
O professor Vicente Souzinha Fialho, secretário de Serviços Urbanos, por sua vez, responsável direto pelas operações da Secretaria, finge que não tem nada com a operação nebulosa. Age como uma múmia. Dá uma de morto. Um “João-sem-braço” passando em brancas nuvens …
Aqui em Serra Branca, é fácil se indignar com a corrupção na Petrobras. A Petrobras parece distante. Por que não se indignam com o extravio do dinheiro público da prefeitura de Serra Branca? Aqui, é mais embaixo não é mesmo?
Por Zizo Mamede