Açude de Boqueirão completa 60 anos com pior índice da história

Com 60 anos de construção, o açude Epitácio Pessoa, que se localiza em Boqueirão, chega ao pior índice de sua história, com 4,5% (18,5 milhões de metros cúbicos) de sua capacidade, que é de 411,6 milhões. A população das 19 cidades que são abastecidas pelo manancial ainda vive na esperança de chuvas na região e que o reservatório volte a sangrar. No entanto, a previsão não é de chuvas no momento, segundo informações de meteorologistas da Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa). 
 A garantia que a população tem para que essa realidade mude, no momento, está sendo com a chegada das águas por meio da transposição do Rio São Francisco, prevista para abril deste ano.
Todos os dias, o açude vem perdendo uma média de 2 centímetros de sua lâmina de água, devido ao consumo ou pela evaporação. No dia 28 de dezembro do ano passado, Boqueirão chegou a receber 1 centímetro, o que representou 42 mil metros cúbicos, após as chuvas pontuais de 29,7 milímetros na própria cidade onde o manancial se localiza. 
Desde a sua inauguração, em 1957, o açude Epitácio Pessoa sangrou 12 vezes, a última delas, em 2011. Desse período até hoje, Campina Grande já passou por três severos racionamentos, o mais crítico deles havia sido em 1999, quando o reservatório chegou ao menor volume da história, 14,9%, até então. Um novo racionamento foi implantado há dois anos (no dia 6 de dezembro de 2014), quando o manancial estava com 23,9%. 
O professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e especialista em engenharia de Recursos Hídricos, Janiro Costa Rêgo, acredita que, “se hoje nós enfrentamos problemas é porque a gestão não foi feita, ou foi feita de forma inadequada e ineficiente. A água que se dispõe e o uso que fazemos dela tem que ser bem administrado de acordo com as prioridades, e a principal delas, é o abastecimento humano das populações”.
Para que o açude recebe recarga de água só há dois caminhos: chovendo na cidade onde o manancial se localiza ou por meio dos rios Paraíba e Taperoá, no Cariri paraibano. O Paraíba nasce na Serra do Jabitacá, na cidade de Monteiro, a cerca de 150 quilômetros de distância do manancial. No seu trajeto, até chegar em Boqueirão, existem três reservatórios de grande porte, o Poções, o Camalaú, e o Sumé. 
Já o rio Taperoá, que é o principal afluente do Paraíba, nasce em Teixeira, e após percorrer os municípios de São João do Cariri e Cabaceiras, deságua no Paraíba, a uma distância de cerca de 12 quilômetros do barramento principal do açude de Boqueirão. No caminho do rio Taperoá também existem açudes de porte considerável, como o Taperoá e o Açude do Meio.
Portanto, a chegada da água pelos rios até o açude de Boqueirão depende da localização das chuvas. O especialista em Recursos Hídricos, Isnaldo Cândido, afirmou que o ideal para que chegasse água no açude de Boqueirão, nesse momento, seria que chovesse de forma mais significativa em cidades mais próximas, a exemplo de Cabaceiras. 
Hoje, o grande problema que o açude apresenta é sobre a qualidade da água. A Companhia de Água e Esgoto da Paraíba (Cagepa) afirmou que vem fazendo análise da água do manancial constantemente e garantiu que até o momento a água tratada está dentro dos padrões de qualidade e, portanto, é própria para o consumo humano.
HISTÓRIA
O açude de Boqueirão foi construído pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) entre os anos de 1951 e 1956, sendo inaugurado no dia 16 de janeiro de 1957 pelo então presidente da República Juscelino Kubitschek. Na época, o manancial se apresentou como uma solução para crise hídrica em que a região vivia. 
Campina Grande, até 1907, contava apenas com água das cisternas, do Açude Novo (construído em 1830) e de algumas fontes para o consumo diário. Nesta época, Campina Grande tinha 731 casas e uma população inferior a quatro mil habitantes. O serviço de abastecimento de água da cidade foi só inaugurado oficialmente no dia 9 de março de 1939. Outra maneira encontrada para evitar a escassez de água na região foi a construção do açude de Bodocongó em março de 1917, uma vez que o Açude Novo e o Açude Velho já não estavam suprindo as necessidades da população. 

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