O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas na Paraíba (Sebrae-PB) está iniciando mais uma etapa da Rota Cariri Cultural. Desta vez, na cidade da Prata, terra da gastronomia caprina e da cultura popular. Detalhes do projeto podem ser conferido através do site http://rotacariricultural.com.br/.
De acordo com a programação, sete pontos de visitação estão sendo formatados pelo projeto de Turismo do Sebrae. A partir de agosto, os visitantes da cidade poderão conhecer o Centro Vida Nordeste, Pedra do Letreiro, Pedra Comprida, Serra da Matarina, Centro Histórico da Prata, Fazenda São Paulo, com uma casa grande e a senzala, e o Sítio Areal.
A cidade possui um casario diferenciado no Centro. Tombadas pelo patrimônio histórico, as casas são bem preservadas e coloridas, enfeitando a volta pela pacata cidade. A praça principal é bem desenhada, arborizada e preservada até durante esses anos de seca. A zona rural da cidade é rica na natureza diversa, com milhares de aves, inclusive a rara águia Chilena, que habita algumas partes do Cariri. A flora é também abundante, com plantas exóticas como a afrodisíaca Cunhã.
Em um dos pontos do roteiro, na casa do Areal, ocorreu uma verdadeira guerra entre as polícias da Paraíba e de Pernambuco para prender o bacharel Augusto Santa Cruz, em 1911, acusado de sequestrar, fazer reféns e outros crimes. Conforme os panfletos da cidade, o confronto ocorreu entre 120 capangas do “Doutor Sinhozinho do Areal” e 400 soldados. Esta casa foi incendiada ao final da batalha e queimou por 15 dias. Uma fortaleza, atualmente sítio histórico bem preservado, símbolo do coronelismo, fenômeno sociológico do Nordeste agrário com alguma predominância até os dias atuais.
A gastronomia do município é baseada na caprinocultura, como de toda cidade do Cariri. Na Prata, os cozinheiros mais criativos inventaram há muito tempo o Bode no Buraco. A carne de bode é cozida enterrada por carvões que a cobrem e ficam em volta da panela. Com cozimento de quase 12 horas, a carne fica no ponto e pode ser provada.
Outro momento interessante do roteiro é a visita à senzala da Fazenda São Paulo dos Dantas, um ícone de um passado de latifúndio escravo. A casa grande é em estilo arquitetônico dos Bandeirantes, do período das Entradas e Bandeiras, podendo ter de 300 a 400 anos, conforme o atual proprietário, o major Delmiro Dantas. Ele contou que o seu bisavô, Manoel Dantas Correia de Gois, comprou a casa de um escravocrata em 1864, mas não deu continuidade à escravidão, libertando os escravos restantes antes da Lei Áurea.