Manifestantes fizeram protestos contra bloqueios em verbas da educação, anunciados pelo Governo Federal, em cidades da Paraíba, do Litoral ao Sertão, nesta quarta-feira (15). Segundo estimativas dos organizadores dos protestos, pouco mais de 57,4 mil pessoas foram às ruas na Paraíba em pelo menos oito cidades.
João Pessoa
Em João Pessoa, a concentração do ato público começou às 9h, em frente ao Lyceu Paraibano, no Centro. A estimativa da organização é que 30 mil pessoas participaram da manifestação. A organização informou ainda que o ato contou com estudantes, professores, sindicatos, movimentos sociais e partidos políticos. A Polícia Militar informou que não vai divulgar números.
Segundo a Superintendência de Mobilidade Urbana de João Pessoa (Semob-JP), o protesto bloqueou totalmente o trânsito na Avenida Getúlio Vargas com a Tabajaras, às 10h. Por volta das 10h50, os manifestantes saíram do Lyceu Paraibano em direção ao Parque Sólon de Lucena, o Parque da Lagoa. Passou pela Miguel Couto, desceu pelo Varadouro, passou pela Praça da Pedro Américo, passou em frente à Assembleia Legislativa e encerrou a caminhada no Ponto de Cem Réis, por volta das 14h. Os bloqueios de trânsito acabaram por volta das 13h30, segundo a Semob.
Campina Grande
A concentração em Campina Grande foi às 7h, na Universidade Federal de Campina Grande. Os alunos se reuniram e seguiram pela rua Arrojado Lisboa, depois João Pessoa e então para a Praça da Bandeira. Como não coube todo mundo na praça, eles voltaram às ruas, pela Marechal Deodoro, Venâncio Neiva, voltando pela Maciel Pinheiro. Por fim, ficaram em frente à Prefeitura em protesto pelo apoio do prefeito Romero Rodrigues ao Governo Federal.
O ato terminou por volta das 12h30. Segundo a organização, participaram cerca de 20 mil pessoas, entre professores e estudantes da UFCG, UEPB e IFPB, além de outros movimentos sociais.
Sousa
Também teve protesto no Sertão. Na cidade de Sousa, os manifestantes se concentraram em frente ao campus da Universidade Federal de Campina Grande, no Centro da cidade, às 7h30. O grupo seguiu para o Calçadão, onde aconteceu a manifestação. Segundo a organização, cerca de 3 mil pessoas participam do ato, que terminou por volta das 10h30.
Ao longo da manifestação, servidores públicos e estudantes entoaram palavras de ordem contra o bloqueio de verbas das instituições de ensino. PM e agentes de trânsito acompanharam a passeata. Participam ADUFCG, Sindicato dos Comerciários, Sindicato dos Professores do Município de Sousa, Sindicato dos Professores do Município de Vieirópolis, além de outros sindicatos, movimentos sociais e representantes dos estudantes.
Areia
Em Areia, no Brejo do estado, o ato começou às 8h, com concentração na Igreja do Rosário. Segundo a organização, mais de mil pessoas seguiram em caminhada até a praça do Centro. A manifestação foi encerrada à 11h.
Participaram representantes do Sintesp-PB, da AdufPB Areia, Sintab de Areia e Remígio, Sintesf, UNI, escolas públicas locais de areia, assim como as escolas particulares do município.
Monteiro
Em Monteiro, no Cariri, houve uma uma audiência pública na Câmara Municipal, às 8h, com professores das redes municipal e estadual. Depois, eles saíram em passeata na avenida principal da cidade. Já os alunos do IF se concentraram no campus na avenida Recife, na PB-264, depois saíram pelas ruas da cidade e se juntaram aos professores.
Os dois grupos seguiram até a Praça João Pessoa, onde aconteceu o ato público. A manifestação terminou por volta das 10h30, e reuniu cerca de 150 pessoas, de acordo com a organização.
Cuité
Na cidade de Cuité, também na região do Cariri da Paraíba, também foi registrado protesto pelas ruas da cidade. Estudantes do campus da UFCG da cidade e estudantes secundaristas fizeram uma caminhada pela cidade com cartazes. O protesto começou às 7h, com concentração na ladeira da UFCG, percorreu o centro da cidade até a escola estadual principal e voltou à UFCG. Além de estudantes, participaram docentes, técnicos-administrativos , empregados terceirizados e comerciantes da região. A estimativa é de público foi de 1.500 pessoas, segundo os organizadores.
Guarabira
Estudantes do IFPB na cidade de Guarabira, no Brejo paraibano, também promoveram uma manifestação na manhã desta quarta (15). De acordo com os organizadores, o ato reuniu aproximadamente 600 pessoas. Os estudantes, acompanhado de servidores e professores, caminharam do IFPB, caminharam até o Centro de Guarabira, e terminaram o protesto no mercado público da cidade.
Patos
Houve registro de protestos também na cidade de Patos, no Sertão paraibano. Estudantes, professores e servidores da UFCG na cidade realizaram uma caminhada pelas ruas com cartazes. A concentração foi na concha acústica. Foram percorridas as ruas do centro da cidade, passando pelo mercado de Patos e ruas próximas. O protesto retornou à praça.
No local, representantes do IFPB e do movimento estudantil da UFCG do campus de Patos falaram aos presentes. Sindicatos e representantes de partidos políticos também participaram da manifestação. De acordo com os organizadores, aproximadamente 1.200 pessoas participaram do ato que terminou no final da manhã desta quarta-feira (15)
Além dos protestos, instituições públicas de ensino básico, fundamental, médio e superior suspenderam as atividades nesta quarta-feira (15).
Bloqueios na educação
Em abril, o Ministério da Educação divulgou que todas as universidades e institutos federais teriam bloqueio de recursos. Em maio, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) informou sobre a suspensão da concessão de bolsas de mestrado e doutorado.
De acordo com o Ministério da Educação, o bloqueio é de 24,84% das chamadas despesas discricionárias — aquelas consideradas não obrigatórias, que incluem gastos como contas de água, luz, compra de material básico, contratação de terceirizados e realização de pesquisas. O valor total contingenciado, considerando todas as universidades, é de R$ 1,7 bilhão, ou 3,43% do orçamento completo — incluindo despesas obrigatórias.
Em 2019, as verbas discricionárias representam 13,83% do orçamento total das universidades. Os 86,17% restantes são as chamadas verbas obrigatórias, que não serão afetadas. Elas correspondem, por exemplo, aos pagamentos de salários de professores, funcionários e das aposentadorias e pensões.
Segundo o governo federal, a queda na arrecadação obrigou a contenção de recursos. O bloqueio poderá ser reavaliado posteriormente caso a arrecadação volte a subir. O contingenciamento, apenas com despesas não obrigatórias, é um mecanismo para retardar ou deixar de executar parte da peça orçamentária devido à insuficiência de receitas e já ocorreu em outros governos.