A falta de entendimento sobre o protocolo do uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19 seria uma das principais motivações para o pedido de demissão. Nos bastidores, Teich teria dito que não quer manchar a própria trajetória como médico para mudar um protocolo.
O debate sobre o uso da cloroquina no tratamento da covid-19 já havia sido ponto de debate entre o ministro e o presidente nesta semana. Uma coletiva de imprensa foi convocada para a tarde desta sexta-feira para explicar os motivos da saída do ministro.
Teich deixa o Ministério da Saúde um dia antes de completar um mês no cargo. Assume em seu lugar, interinamente, o general Eduardo Pazuello, que, quando Teich assumiu, se tornou o número 2 Ministério da Saúde por escolha de Bolsonaro.
Após o encontro com Teich nesta sexta-feira, Bolsonaro se reuniu com a oncologista Nise Yamagushi, defensora do uso da cloroquina e que já havia sido cotada para assumir o ministério.
Esta é a segunda troca de ministro da Saúde em meio à pandemia de coronavírus. Teich havia substituído Luiz Henrique Mandetta, que também é médico e divergia da vontade do presidente das ações no combate à pandemia do novo coronavírus. Mandetta se manifestou pelo Twitter pouco após o pedido de demissão se tornar público. “Oremos. Força SUS. Ciência. Paciência. Fé!”, escreveu no Twitter.
Pressão e impasse
O impasse começou quando Teich defendeu, na última quinta-feira (12/5), nas redes sociais que o medicamento não tem eficiência comprovada e causa profundos danos colaterais. “Um alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o “Termo de Consentimento” antes de iniciar o uso da cloroquina”, disse.
O presidente, no entanto, insiste no uso da medicação desde o surgimento dos primeiros sintomas e promete desde o início da semana uma mudança no protocolo do uso do medicamento contra a covid-19. Mais cedo, na saída do Palácio da Alvorada, ele voltou a pressionar o ministro para o uso do medicamento.
“O meu entendimento, ouvindo médicos, é que ela deve ser utilizada desde o início por parte daqueles que integram grupo de risco”, disse. “Se eu for acometido, tomo a cloroquina e ponto final. Eu que decido minha vida”, garantindo que não faltará médico para receitar.