Guerra na Ucrânia: entenda os impactos do ataque promovido pela Rússia

Iniciados nesta quinta-feira (24), os ataques da Rússia à Ucrânia já deixaram pelo menos 57 mortos e outros 169 feridos. Ao todo, já são mais de 200 bombardeios. O conflito, que tem gerado desastre no país do leste europeu, também já traz consequências globais.

No que diz respeito ao Brasil e mais precisamente a Paraíba, a guerra tem repercutido economicamente. Em entrevista ao Programa Hora H, da Rede Mais Rádio, nesta quinta-feira (24) o professor da Universidade Federal da Paraíba e cientista político, Augusto Teixeira, fez uma análise do confronto. Na visão do especialista, alguns desses impactos já estão sendo sentidos, como por exemplo, na taxa de juros.

“Já começamos a sentir os efeitos antes mesmo das operações militares, como, por exemplo, a Rússia é importantíssima na produção e gás e petróleo, dada que ela é uma das maiores produtoras mundiais, dialoga diretamente com a OPEP, fora que a Rússia é fornecedora essencial da energia de países europeus como a Alemanha, por exemplo”, pontuou.

Por conta dessas relações comerciais entre o Brasil e a Rússia, efeitos como aumento do valor dos bens de consumo e energia elétrica devem ser sentidos no bolso da população.

Então isso gera um efeito inflacionário, de riscos relacionados ao abastecimento do mercado global de energia, por exemplo. Essa crise gera um efeito pior que o que nós temos com o possível aumento na taxa básica de juros, a tentativa de segurar um pouco mais a economia com subida de preços, em particular, da energia. Quanto mais demorar o conflito armado, mais sentiremos os efeitos, por isso uma resolução política é de rápido interesse não apenas russo, mas também global”, pontuou.

Possibilidade de guerra mundial

Após a confirmação dos primeiros ataques, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discursou na Casa Branca e anunciou novas sanções à Rússia. O chefe de estado garantiu que, por ora, não se envolverá no conflito, mas que isso pode mudar caso ele se expanda para os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

“Esse cenário colocado por Biden é uma linha vermelha no chão. E como um recado: daqui você não pode passar. Porque se a Rússia atacar militarmente qualquer país da aliança do atlântico norte, como a Polônia, Letônia, Lituânia, Estônia, por exemplo, que são países que fazem fronteira com a Rússia, ela estaria atacando toda a OTAN, e a OTAN tem os países Europeus, mas também os Estado Unidos e o Canadá. Então se a Rússia fizesse isso seria outra guerra. Uma guerra de proporções muito maiores, visto que, por acordo, a organização tem que ir para a proteção do país membro que for atacada por outrem”, destacou.

Apesar dessa possibilidade de cenário de uma possível guerra generalizada envolvendo outras nações, na visão do especialista, considerando o atual cenário, as chances disso ocorrer são baixas.

“Por isso que a Rússia, pelo menos até o momento que estamos observando, tem objetivos militares em relação à Ucrânia. Tem aí o objetivo político claro. A alteração de status quo político. Ou seja, derrubar o governo para botar outro no lugar. Isso foi manifestado pelo próprio Putin em sua fala antes das operações militares. O segundo objetivo é aumentar a segurança ali da região do leste da Ucrânia. O objetivo maior e mais importante de longo prazo é parar a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte ao leste”, analisou Augusto Teixeira.

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