Durante duas horas, nesta terça-feira (28), no debate das Tvs Cabo Branco e Paraíba, os principais candidatos ao governo do estado evitaram os ataques pessoais, mas confrontaram criticamente ideias e dados. Esse é um dos pontos mais positivos.
O eleitor paraibano não viu o tempo sendo perdido com querelas pessoais. Mas viu um debate, no qual foram trazidos os temas importantes, seja nos blocos de pergunta livre ou de assuntos sorteados.
No primeiro bloco, vimos a discussão sobre promessas não cumpridas e cumpridas do governo atual, caderneta das gestantes (governo Bolsonaro), cobrança de impostos e valorização do serviço público.
No segundo bloco, foram sorteados os termas: meio ambiente, corrupção, políticas de inclusão, empreendedorismo, cultura e lazer.
No bloco seguinte, com temas livres, os candidatos perguntaram entre si sobre equilíbrio fiscal, segurança, combate à fome, pandemia e gestão democrática.
Na parte final, com sorteio de temas, o debate foi focado desigualdade social, educação, turismo e agropecuária e agricultura familiar.
João Azevêdo (PSB), candidato do PSB, claro, foi alvo de todos os candidatos. Recebeu críticas duras sobre a velocidade de execução de projetos e obras nos anos de governo. Por outro lado, explorou bem os dados da gestão, falou dos projetos e programas em andamento, e os últimos números de estudos que destacaram o desempenho da Paraíba, no ranking de competitividade, Ideb (dado comparado com o NE e com outras gestões na Paraíba), dados na pandemia.
Pedro Cunha Lima, candidato do PSDB, voltou a fazer críticas aos privilégios, ao efetivo da PM da PB e ao tamanho da máquina publica do estado, cobrando do adversário mudança nas ações. Voltou a afirmar que vai, se eleito, implantar programa de alfabetização na idade-certa, retomar o programa do leite para melhorar a segurança alimentar e fortalecer os arranjos locais. Afirmou ainda que vai fazer parcerias com o setor produtivo, que, segundo ele está asfixiado.
Veneziano (MDB) focou nas obras prometidas pelo governo Azevêdo que não foram feitas, como Arco Metropolitano, o 3º Eixo do São Francisco. O emedebista cobrou ampliação e prometeu ampliação de programa de combate a insegurança alimentar, como a construção de restaurantes populares, e conclusão de projetos para segurança hídrica. Criticou o governo ainda pelo investimento baixo no turismo, segundo ele, 10 vezes menor que de outros estados vizinhos.
Nilvan Ferreira (PL) falou em diminuir os impostos, entre eles o ICMS, dialogar com o setor produtivo. Criticou João Azevêdo na gestão da pandemia e na compra de respiradores feita com o Consórcio Nordeste. Sobre gestão, Nilvan disse que vai dialogar com professores e policiais militares, que segundo ele sofreram com o governo atual. Nilvan afirmou ainda que havia um acordo entre os candidatos para anula-lo no debate e evitar que ele apresentasse os posicionamentos.
Adjany Simplicio (PSOL) falou sobre agricultura familiar, uma das pautas centrais do seu programa, mas também sobre educação, área que domina por ser professora da rede pública. Também protagonizou momentos mais intensos de debates, ao confrontar Nilvan Ferreira sobre violência obstétrica. Fora do fogo cruzado na corrida ao segundo turno, a candidata foi a mais requisitada pelos oponentes durante o debate, oportunidade em que fez críticas a Pedro Cunha Lima e à gestão de João Azevêdo.
Dinâmica
Pela dinâmica do debate, vimos candidatos evitando o confronto direto, mas buscando maneiras para encontrar, na resposta dos adversários, espaços, caminhos livres para falar dos projetos e propostas. De alguma forma, a estratégia contribuiu com diminuição da faíscas.
Pedro e João, por exemplo, em dois momentos escolheram Adjany porque sabiam que ela, mesmo sendo crítica à gestão atual, ou ao pensamento do tucano, abriria caminho para uma fala mais elaborada dos dois.
Veneziano tentou polarizar com João, precisa forçar essa estratégia, em busca da vaga no segundo turno. Pedro, voltou a se comportar como o candidato que não quer ataques aos adversários. Evitou fazer críticas a Veneziano e a Nilvan.
Nilvan, por sua vez, em busca da polarização, fez críticas a atuação dos colegas diante de João Azevêdo e apostou todas as fichas contra o atual governador.
Com Jornal da Paraíba