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Não são poucos os casos de corrupção que contribuem para abalar a credibilidade da política, dos governos, parlamentos e partidos mundo afora. Mas, mal-estar generalizado com a política não é consequência apenas dos “mal feitos” dos agentes políticos.
A ênfase que a grande mídia (redes de TV e de rádio, revistas semanais, jornalões e sites), de forma articulada e sistemática, dá à corrupção como sendo o mal maior, senão o único mal, que degenera a política, contribui de maneira exponencial para o esvaziamento e desencanto com a política.
Por traz desta insistente e orquestrada campanha midiática acerca da corrupção está o propósito de submeter – e por que não o intento de substituir? – a política e o Estado ao mercado, às leis sacralizadas da oferta e da procura como tanto pregam os cânones do velho liberalismo do século XVIII.
Por outro lado, populações de vários países, em diversos continentes e culturas, tem se levantado contra a falta de representatividade da política, que se acha descolada e distanciada da vida dos povos. O dia a dia da política, das decisões governamentais e parlamentares, não estão em sintonia com o cotidiano das pessoas comuns, das maiorias. A política e o Estado foram em graus variados de lugar para lugar capturados pelas forças econômicas mais poderosas.
A política no geral parece ter muito pouca relação com os cidadãos e cidadãs. Mas só parece. Para ter-se uma ideia da relação entre a política, o Estado e a vida da população, basta fazer uma simples análise dos orçamentos públicos, onde a maior fatia dos gastos governamentais é com os juros e amortizações da dívida pública. Pode falta dinheiro público para a saúde, educação, segurança pública. Mas, se faltar dinheiro para os governos quitarem as obrigações com os credores, o mundo pega fogo, num pandemônio, num cataclismo.
O plebiscito popular pela reforma política
A população brasileira foi às ruas protestar contra a política, motivada por problemas comuns da vida de todo santo dia. Os protestos, nas vias urbanas ou cibernéticas, reclamam uma solução política para a crise da política. E não há outra saída. A solução para corrigir a má política é fazer política.
A presidenta Dilma Rousseff dialogou com os manifestantes e propôs um plebiscito para o povo nas urnas decidir sobre a eleição de uma assembleia constituinte exclusiva para fazer a reforma política. Mas o Congresso Nacional boicotou aquele plebiscito proposto pela presidenta.
Os deputados e senadores favoráveis à realização do plebiscito, para que os eleitores assumam a responsabilidade pelas principais mudanças na política são minoria e, assim como Dilma Rousseff, foram derrotados naquela primeira batalha da Reforma Política.
Uma nova batalha está em curso para o Brasil faça a Reforma Política. Forças populares, por fora dos governos, dos parlamentos e dos partidos estão em movimento pelo plebiscito da reforma política. Às centenas, sindicatos, ONGs, pastorais cristãs, associações, coletivos populares e alguns partidos progressistas estão envolvidos na organização de um grande debate sobre a necessidade de uma constituinte exclusiva para a necessária reforma do sistema político no Brasil.
O ponto culminante dessa jornada será durante a Semana da Pátria (de 01 a 07 de setembro) com uma votação não oficial onde para as pessoas responderão a seguinte pergunta: “Você é a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político?” Qualquer pessoa pode participar. É só acessar: http://www.plebiscitoconstituinte.org.br/
Não basta reclamar da política. Para mudar tem que participar.
Por Zizo Mamede