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Foi um jogo à flor da pele. Emoções, choro e homenagem ao ídolo colorado Fernandão, morto em acidente de helicóptero em junho, no Beira-Rio. Pela primeira vez no estádio após a Copa, o Internacional fez o capitão do título mundial ficar orgulhoso: passeou com inapeláveis 4 a 0 sobre um frágil lanterna chamado Flamengo. Rafael Moura, D´Alessandro, Fabrício e Alex comandaram as homenagens a Fernandão.
O Inter, com 19 pontos, está em quarto lugar. O Flamengo, com apenas sete pontos, é o lanterna do Brasileiro. Abel Braga escalou Wellington no lugar de Jorge Henrique. Encorpou o meio e deixou Rafael Moura sozinho no ataque. Ney Franco, sem Samir, Paulinho e Everton, lesionados, barrou Elano, escalou Léo Moura no meio de campo e pôs Márcio Araújo na lateral direita. O esquema de três zagueiros treinado durante os 45 dias de paralisação desapareceram. O time foi um bando, levou um baile e continua na laterna.
Na próxima rodada, o Internacional enfrenta o Bahia em Salvador, sábado, às 21h. Já o lanterninha Flamengo enfrenta o Botafogo, domingo, no Maracanã.
O jogo
Dono da casa, dono da homenagem e melhor colocado na tabela, não foi difícil para o Internacional se tornar, também, o dono do jogo por um princípio básico: organização. Bola de pé em pé rumo ao ataque. Com quatro minutos, Rafael Moura já havia furado uma bola na pequena área.
As escapadas de Aránguiz pelos lados do campo eram de difícil contenção por parte do Flamengo. Em uma delas, aos 14 minutos, o chileno cruzou para a grande área, Felipe falhou ao tentar cortar a bola e Rafael Moura cabecou para fora, perdendo grande chance. Mas era questão de tempo diante da blitz colorada.
Aos 15 minutos, D´Alessandro cobrou falta da intermediária para a esquerda do ataque. Em jogada ensaiada, o zagueiro Juan correu até a ponta e tocou para o centro da área, quando Rafael Moura mandou para o gol. Internacional 1 a 0 e emoção no Beira-Rio. O atacante foi até a beira do gramado e se ajoelhou em frente a uma camisa branca com o nome de Fernandão.
E o Flamengo? Bom, o Flamengo era um esboço de time. Bagunçado, com jogadores batendo cabeça. Léo Moura jogava no meio e Márcio Araújo ocupava a lateral direita. Totalmente eficaz. Mugni, que deveria ser o responsável pela criação, atacava quase como um ponta esquerda. Amaral, o volante de técnica limitada, corria com a bola no meio e tentava armar o ataque. E, claro, a perdia na maioria das vezes.
À essa altura, Aránguiz, lesionado, já havia deixado o Inter e dado lugar para Luque, estreante da tarde. Ele, mais uma vez, caía nas costas de Márcio Araújo pelo lado esquerdo do ataque. 1 a 0 apenas no placar era uma bênção aos rubro-negros. Mas o jogo era fácil demais para os gaúchos. Cabia mais. Aos 38 minutos,
D´Alessandro cobrou falta na entrada da área e a bola passou rente a Felipe. O show continuaria minutos depois.
Foi um lance que retratou o jogo: bola na defesa rubro-negra sobrou fácil para Mugni, que atuava de dublê de lateral-esquerdo. Displicente, o argentino perdeu a bola para Wellington Silva. Intempestivo, Chicão entrou como uma carreta desgovernada, de carrinho, sobre o lateral colorado. Pênalti claríssimo. Além disso, Sandro Meira Ricci, de maneira muito rigorosa, expulsou o zagueiro. D´Alessandro cobrou aos 47 minutos e fez o Internacional descer com vantagem de dois gols para o vestiário.
Na volta para o segundo tempo, Ney Franco tirou Nixon e alguma opção de velocidade do Flamengo e pôs o zagueiro Fernando em campo. Mas, com trocadilho, o Flamengo era um time à beira do caos. O baile colorado continuou. Inversões de jogo, quase linha de passe em frente à área do Flamengo. Fácil demais.
Com cinco minutos, Fabrício cruzou na área e Rafael Moura, sozinho diante da bisonha marcação rubro-negra, cabeceou para fora. Mas aos 12 minutos a lanterna rubro-negra foi explicada, com louvor. D´Alessandro foi à direita e cruzou para Fabrício na esquerda. Sozinho, livre, leve e solto, o lateral encheu o pé e bateu no canto de Felipe. 3 a 0. Inapeláveis. Homenagem a Fernandão, de novo.
Ney Franco tirou Amaral e colocou Negueba, Também Alecsandro para que entrasse Luiz Antonio. De nada adiantou. O Inter era dono do jogo, do estádio, da homenagem. Alan Patrick, em chance clara, perdeu o gol porque Léo Moura salvou em cima da linha. Aos 32 minutos, Fabrício passou como quis por Léo Moura pela esquerda e cruzou para a área. Alex, único remanescente do time campeão mundial em 2006 comandado por Fernandão, surgiu entre os zagueiros e tocou para o fundo do gol.
Nova homenagem ao eterno capitão colorado. 4 a 0. Baile. Festa. Lágrimas de saudade. O Internacional, mais forte do que antes, segue na briga pela taça, para honrar Fernandão. E o Flamengo segue na luta para evitar mais e mais vexames.
FICHA TÉCNICA
INTERNACIONAL 4X0 FLAMENGO
Local: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS)
Data: 20 de julho de 2014
Horário: 16 horas
Árbitro: Sandro Meira Ricci (Fifa-PE)
Assistentes: Emerson Augusto de Carvalho (Fifa-SP) e Marcelo Carvalho Van Gasse (Fifa-SP)
Cartão amarelo: Amaral (FLA)
Cartão vermelho: Chicão (FLA)
Gols: Rafael Moura (INT), aos 15 minutos, e D´Alessandro (INT), aos 47 minutos do primeiro tempo; Fabrício (INT), aos 12 minutos e a Alex, aos 32 minutos do segundo tempo.
INTERNACIONAL: Dida; Wellington Silva (Cláudio Winck), Paulão, Juan e Fabrício; Wellington, Willians, Aránguiz (Martín Luque), Alan Patrick e D’Alessandro; Rafael Moura
Técnico: Abel Braga
FLAMENGO: Felipe; Léo Moura, Chicão, Wallace e André Santos; Recife, Amaral (Negueba), Márcio Araújo e Lucas Mugni; Nixon (Fernando) e Alecsandro (Luiz Antonio).
Técnico: Ney Franco
ESPN Brasil