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Não foi o desastre da última terça-feira, mas passou bem perto. A Seleção voltou a sofrer uma pane técnica, tática e emocional, tomou dois gols em 16 minutos, o primeiro deles aos dois, e encenou o último ato da Copa em casa com mais uma derrota. Sem balançar a rede do adversário há 240 minutos na Copa do Mundo, a Holanda se aproveitou das falhas do Brasil e dos erros da arbitragem para fazer 3 a 0 e ficar com o terceiro lugar.
Dessa vez, o adversário abriu o placar antes mesmo da Seleção conseguir ter a posse da bola. Depois de apenas dois cortes de cabeça para a lateral e trocas de passes sem perder o domínio, a Holanda abriu o placar em pênalti mal marcado pelo árbitro argelino Djamel Haimoudi de Thiago Silva em Robben (a falta foi fora da área) e convertido por Van Persie. Ampliou aos 16, em rebatida errada de David Luiz que Blind converteu. E selou mais um vexame em verde-amarelo quando boa parte dos 68.034 torcedores presentes ao Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, gritava olé, aos 46 do segundo tempo, com Wijnaldum.
Agora, é mirar 2018. Até a Copa da Rússia, a Seleção precisa se reencontrar. Em setembro, joga dois amistosos nos Estados Unidos, contra Colômbia e Equador. Em outubro, dia 11, tem o desafio do Superclássico das Américas, no Estádio Ninho do Pássaro, em Pequim. O adversário é a Argentina, finalista do Mundial – que enfrenta a Alemanha, neste domingo, no Maracanã, às 16h (de Brasília).
No meio do caminho até a Copa de 2018, o Brasil tem de novo pela frente o sonho de conquistar a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, com uma equipe sub-23, podendo ser reforçada por três jogadores mais velhos. Chance e tanto para mais uma renovação, a mesma que não deu tão certo em 2014. Resta saber ainda se quem continua à frente do projeto na CBF é Felipão, muito questionado após os dois vexames finais no Mundial.
Falta de eficiência ofensiva, de novo
Escalada desde o início com Maxwell na lateral-esquerda e Jô no comando do ataque, nas vagas de Marcelo e Fred, a Seleção entrou em campo com um meio de campo povoado por três volantes: Luiz Gustavo, Paulinho e Ramires. Para o setor criativo, apenas Oscar. O resultado foi que a primeira finalização saiu apenas aos 20 minutos, quando o placar já marcava 2 a 0. O camisa 11 arriscou de fora da área, mas Cilessen não precisou se esforçar muito para fazer a defesa.
Do outro lado do campo, Luiz Gustavo sofreu com as arrancadas de Robben no primeiro tempo. Sem conseguir se achar em campo, a Seleção só voltou a assustar a Holanda mais uma vez, aos 37, quando o volante cruzou rasteiro na pequena área, David Luiz e Paulinho pularam, mas não alcançaram para completar.Com Neymar lesionado no banco de reservas, dando força para os companheiros e até ajudando nas orientações, chamou a atenção de novo a falta de poder ofensivo da Seleção. Municiado novamente por chutões da defesa, o ataque foi nulo.
Na volta para o segundo tempo, Felipão trocou Luiz Gustavo por Fernandinho. Mas o volante pouco fez além de ser punido com um cartão amarelo logo aos oito minutos, por falta em Van Persie. O problema era tamanho que Scolari fez mais uma substituição no meio de campo, aos 11, tirando Paulinho e colocando Hernanes.
Ramires chegou perto de fazer o gol, aos 13, num chute de fora da área. O lance mostrou mais uma vez a falta de força do Brasil no ataque. Numa última tentativa, Felipão trocou o volante do Chelsea por Hulk. Mas, assim como Fred, o substituto Jô continuou recebendo poucas bolas.
Aos 40, a paciência da torcida terminou de vez. Os gritos de olé começaram a ecoar. E a Holanda deu o golpe de misericórdia. Aos 45, Wijnaldum recebeu cruzamento da direita e, com muito espaço, finalizou de primeira. Foi o 14º gol sofrido pela Seleção na Copa, e Julio César ficou marcado como o goleiro brasileiro mais vazado em Mundiais, superando em três Taffarel, presente em 18 partidas em 1990, 94 e 98 – o atual titular ficou no banco em 2006 e disputou todas as 12 partidas em 2010 e 2014.
Ainda deu tempo para Van Gaal colocar em campo o segundo goleiro reserva, tirando o titular Cillessen e botando Vorm e completando pela primeira vez na história das Copas a utilização por uma seleção dos 23 jogadores convocados. Do lado do Brasil, Felipão só não deu chance a Victor e Jefferson.