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A Agência Nacional das Águas (ANA) suspendeu na última segunda-feira, a irrigação via Açude Epitácio Pessoa/Boqueirão.
A informação foi divulgada pelo órgão, através da assessoria de imprensa. Aproximadamente 500 produtores não poderão irrigar suas produções por tempo indeterminado e pelo menos três mil trabalhadores estão sem postos de trabalho nas plantações, de acordo com o Sindicato dos Irrigantes de Boqueirão.
O coordenador do Departamento de Obras contra as Secas (Dnocs) em Boqueirão, Everaldo Jacobino de Moura, chamou atenção para a situação crítica do açude e disse que não duvida da possibilidade de racionamento. “O açude está com 30,4% de sua capacidade total (ontem), o que corresponde a 125.493.508 m³. Está 10,18 metros abaixo do nível normal. Todos os dias perde 1 centímetro(cm), que corresponde a 16.4480 m³. Choveu pouco e abaixo da média. Para se ter uma ideia, de janeiro até agora, o açude só recebeu 46 cm de recarga, o que equivale a aproximadamente 8 milhões de m³, que é o consumo de mais ou menos um mês do açude. Se não chover nos próximos meses, suficientemente para reabastecer a bacia que o alimenta, acredito que o racionamento será possível”, explicou.
De acordo com o presidente da Associação dos Irrigantes do Açude Epitácio Pessoa, Kristeny Leite Chaves, apenas 5% dos cerca de 1.000 hectares irrigados pelo reservatório, distribuídos entre Boqueirão e os municípios de Barra de São Miguel e Cabaceiras, permaneciam recebendo água até segunda-feira.
“Foi o tempo apenas de terminar a colheita das culturas que estavam sendo irrigadas, sobretudo de banana. Alguns produtores já tinham interrompido a irrigação e passaram a ser diaristas em outras plantações, outros estão em casa, sem saber o que fazer porque falta capacitação já que a maioria se criou na lavoura. Muitos estão deixando a região para tentar plantar em outros lugares”, declarou.
Kristeny Leite revelou que a associação irá solicitar uma bolsa auxílio para os produtores e trabalhadores rurais prejudicados.
“Além dos produtores cadastrados, são mais de três mil trabalhadores rurais que ficaram sem postos de trabalho. A gente vai buscar junto ao governo do Estado um auxílio, de pelo menos um salário mínimo”, afirmou.
FERNANDA MOURA
JORNAL DA PARAÍBA