35
Apesar de ter sido um dos jogadores da Seleção a chorar após a partida de sábado, contra o Chile, Neymar não está nem um pouco incomodado com a pressão de jogar uma Copa do Mundo no Brasil ou de ser o protagonista da equipe verde-amarela. Nesta quarta-feira, a dois dias de mais um duelo decisivo, o atacante disse que tem tentado mentalizar o adversário como os vizinhos com quem jogava na infância.
– Eu falo isso para os meus companheiros, que eles têm que jogar como se estivessem no quintal de casa, jogando contra seu amigo. Você nunca quer perder para seu amigo, para não ser zoado por ele. Contra o Chile, eu não poderia perder para não ser zoado pelo Alexis (Sanchéz, seu colega de Barcelona). Vou levando essa responsabilidade em tom de brincadeira.
– É claro que existe pressão, mas eu tiro isso lembrando que jogar uma Copa é um sonho para mim. Eu sempre busquei isso, desde criança. Quando vi o Ronaldo, com topete, fazendo gol, dizia que queria jogar uma Copa. Hoje, estou disputando um Mundial, estou nas quartas de final. Não é para ficar pensando em pressão. A gente está jogando no quintal de casa, com nossa família e nossos amigos por perto. Tem que jogar futebol e ser feliz dentro de casa, e não ficar pensando que, se perdermos, estaremos mortos – argumentou, na mesma linha de raciocínio.
Nem todos os jogadores, no entanto, têm tido o mesmo controle emocional. O zagueiro e capitão Thiago Silva, por exemplo, chorou muito antes mesmo da disputa de pênaltis contra o Chile e pediu a Luiz Felipe Scolari para ir para o fim da fila no quintal de casa. Preocupado com a reação de alguns de seus comandados, o treinador chamou de volta a psicóloga Regina Brandão. Ela se reuniu com o elenco antes do treino de terça-feira à tarde, na Granja Comary, para retomar trabalho iniciado nos primeiros dias de preparação.
– Eu nunca tinha feito nada desse tipo. Até que eu estou gostando bastante. Não é só no esporte, no futebol. Não somos só nós que estamos envolvidos com esporte que temos que fazer psicologia. Até dou uma dica para vocês (jornalistas) procurarem fazer, porque faz bem para a vida, para o ser humano. O cara sai mais tranquilo, mais leve (da consulta). Nossa relação (com a Regina Brandão) é muito boa. Tenho aprendido muita coisa neste quesito, e espero que possa continuar fazendo – aprovou Neymar, que tinha acompanhamento psicológico nas categorias de base do Santos, como todos os garotos, mas jamais apresentou problemas emocionais.
Os problemas recentes de Neymar eram físicos. Na segunda-feira, ele se reapresentou em Teresópolis com dores na coxa esquerda e no joelho direito, mas disse já ter se livrado delas.
– Estou bem, já estou recuperado. E na parte emocional, também ninguém do grupo está com problema, todos estão bem. O jogo contra o Chile foi emocionante. Eu fiquei muito emocionado, todos ficaram. Cada um tem sua emoção, mas estamos todos bem, preparados para enfrentar a seleção da Colômbia e, se Deus quiser, passar de fase – concluiu o camisa 10, antes de almoçar rapidamente e se mudar de casa. Ainda nesta quarta-feira, a delegação segue para Fortaleza, palco das quartas de final.
Jornal da Paraíba