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Se a animação da torcida curitibana entrasse em campo, Irã e Nigéria não teriam feito o primeiro jogo sem gols da Copa do Mundo no Brasil. Depois de partidas emocionantes, coube às duas seleções o fardo de apresentarem um espetáculo bem abaixo da média na Arena da Baixada, pelo Grupo F da competição, para desespero dos espectadores que encheram as arquibancadas e vaiaram muito as equipes após o apito final.
A falta de pontaria das duas equipes, principalmente da Nigéria, contrastou com o que foi visto até então na Copa. Até a partida entre Alemanha e Portugal, vencida por 4 a 0 pelos germânicos, a média de gols do torneio era de 3,4 por jogo. Agora, caiu para 3,1.
O empate por 0 a 0 deixou Irã e Nigéria à frente da Bósnia na classificação da chave, liderada pela Argentina, que derrotou os Dragões por 2 a 1 no domingo. Na rodada seguinte, os iranianos enfrentam os hermanos, no próximo sábado, às 13h (de Brasília), no Mineirão. No mesmo dia, às 19h, na Arena Pantanal, a Super Águias encaram Dzeko e companhia.
Cientes de que Curitiba não teve muita sorte de contar com jogos de grandes seleções – das favoritas, apenas a Espanha joga na cidade, contra a Austrália, na última rodada -, os torcedores trataram de empurrar as duas equipes para o gol. Não houve preferência: quem estivesse atacando ganhava o apoio das arquibancadas.
Nigéria domina, mas pouco ameaça
Melhor tecnicamente, a Nigéria tomou a iniciativa da partida desde o início. Atuando mais recuado do que de costume nas Super Águias, Mikel iniciava todas as jogadas dos africanos, enquanto o Irã se contentava em defender na própria intermediária e esperar por um contra-ataque puxado por Ghooch.
O problema é que o centroavante iraniano estava isolado demais. Em certos momentos, ele até conseguia levar vantagem sobre os marcadores, mas seus companheiros demoravam para se apresentar, e a Nigéria retomava a bola com facilidade.
Se destruir estava fácil, as Super Águias encontraram muita dificuldade para construir jogadas. O trio de ataque formado por Musa, Moses e Emenike esbanjava disposição, mas não se entendia. O jeito era apelar para o individualismo, como aos três minutos, quando o atacante do Chelsea invadiu a área pela esquerda e chutou fraco para defesa de Haqiqi.
Com a Nigéria sem inspiração, coube ao Irã ter a melhor chance do primeiro tempo. Em cobrança de escanteio pela direita, Ghooch subiu livre na primeira trave e cabeceou para ótima defesa de Enyeama, aos 33 minutos. Muito pouco para o gosto da torcida, que vaiou após o árbitro Carlos Vera apitar o fim do primeiro tempo.
Torcida perde a paciência com erros
A insatisfação se transformou em desespero na etapa final. A Nigéria seguiu com maior domínio territorial, mas errava demais no último passe e nas conclusões. Nem a entrada do grandalhão Ameobi no lugar de Moses aumentou o poderio ofensivo das Super Águias, que começaram a irritar o público. Um vacilo do lateral Ambrose na hora do cruzamento rendeu ao jogador uma reprovação em uníssono dos torcedores. Erros de domínio de bola, passes equivocados, chutes tortos… Tudo virou motivo para vaias.
O Irã, fiel à sua estratégia, continuava chegando pouco, apostando demasiadamente Ghooch, que incomodava na medida do possível a zaga nigeriana, mas não contava com a colaboração do parceiro Dejagah.
Como as coisas não melhoravam em campo, os torcedores desistiram da partida. Nos minutos finais, entre uma cabeçada fraca de Ameobi e um passe errado de Dejagah, o público começou a cantar músicas exaltando o orgulho de ser brasileiro. Que não sejam novamente decepcionados, desta vez pela Seleção, na terça-feira.
Globo Esporte