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Efigênio Moura vem construindo, com a constância e a determinação de todo caririzeiro, uma obra que é tanto o registro do modo de viver do povo de nossa terra quanto um competente exercício de criação literária. Ou seja, vale a pena ser lida pelo que carrega de informação, assim como deve ser vivenciada a experiência inesquecível de saborear a prosa leve e criativa que dá vida à apaixonante galeria de tipos humanos habitante dos livros de Efigênio.
Foi assim em Ciço de Luzia e em Eita Gota e é assim neste “Santana do Congo”. Ao longo das 220 páginas do livro, agora publicado pelas edições ALUMIAR, gente como a gente, com qualidades, defeitos mas, principalmente, intensa paixão pela vida, vai povoando as ruas, praças, becos e estradas do Cariri sem medo nenhum de enfrentar a dura busca da felicidade.
É certo que todos se expressam em castiço “matutês”. E que se sentem muito à vontade no Congo e em Ouro Velho, em Monteiro ou na Prata. Atenda pelo estrangeirado nome de Késsy Jones ou pela prosaica alcunha de Zé Triango, todos os personagens são vívidos exemplares da rica paisagem humana do Cariri, convincentes até por serem, todos eles, retratos em cores vivas de pessoas reais, a maior parte delas conhecidas por todos da região.
Como leitor apaixonado da poesia caririzeira, inclusive, como neste caso, daquela que não é escrita em versos, recomendo entusiasticamente a leitura deste Santana do Congo. Mais do que isso, declaro publicamente o orgulho, que me infla o peito, de dizer que sou responsável pela decisão do Cuca de editar esta obra e de batalhar para que ela tenha a mais ampla circulação possível.
É esta a melhor maneira de irmos afirmando, em voz alta, a força da identidade cultural do povo do Cariri e, mais ainda, o jeito mais eficiente de ajudar a fazer conhecida a capacidade literária dos escritores da nossa terra, entre os quais Efigênio Moura é exemplo dos mais bem sucedidos.
Por Evaldo Costa