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Por mais simples que possa parecer, o ato de ir a uma agência ou posto bancário para sacar dinheiro ou pagar uma conta é sinônimo de transtorno para muitos paraibanos que, para ter acesso a esses serviços, precisam se deslocar até municípios vizinhos.
Conforme relatório elaborado pelo Banco Central (BC), com dados referentes ao mês de dezembro do ano passado, 47 cidades da Paraíba ainda não possuem dependência bancária, ou seja, não têm nenhum tipo de serviço bancário à disposição da população. Ao todo, 233 dos 5.587 municípios brasileiros não têm dependência bancária, segundo o levantamento.
Proporcionalmente, esse número indica que 21% dos 223 municípios paraibanos estão isolados quando se refere ao serviço bancário, uma vez que não possuem nem mesmo um caixa eletrônico ou posto de atendimento.
Em relação ao Nordeste, a Paraíba é o segundo Estado da região com maior número de cidades sem esse tipo de serviço. O primeiro é o Piauí, que tem 68 cidades sem atendimento, número que corresponde a 30,3% dos 224 municípios. Ao todo, conforme o levantamento, 164 municípios nordestinos, em um total de 1.794, não têm nenhum tipo de serviço bancário. A Região, segundo o BC, é a que possui mais cidades sem dependência bancária, enquanto que o Sul é a que possui o menor número de cidades sem acesso ao serviço. Lá apenas 3 dos 1.190 municípios não dispõem de atendimento.
Outro dado que consta no levantamento é o número de cidades que não possuem nenhuma agência bancária, espaço que, diferentemente, dos postos, onde são realizados os atendimentos essenciais, dispõe de todos os serviços oferecidos pelo banco.
Na Paraíba, 148 cidades não têm nenhuma agência, o que representa um percentual ainda maior que o número de cidades sem nenhuma dependência bancária, equivalente a 66,3% dos municípios do Estado. Nesse quesito, a Paraíba também ocupa a segunda posição no ranking do Nordeste, liderado também pelo Piauí.
Para o presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Marcos Henriques Silva, os números são reflexo da precariedade do atendimento oferecido pelos bancos à população. “É um desrespeito tremendo com a população. Nesses municípios as pessoas são obrigadas a receber até os seus salários em outras cidades, tendo que gastar dinheiro com isso, quando os bancos poderiam descentralizar o atendimento”, salientou.
Segundo Marcos, a maior parte dos bancos só abre agências ou postos nos locais que eles consideram financeiramente viáveis, deixando de lado as necessidades da população. “Na maior parte desses postos não há sequer porta de segurança, colocando em risco bancários e clientes. Acredito que os bancos, principalmente os públicos, que têm um compromisso maior com a sociedade, deveriam investir mais, não só para instalar unidades nas cidades isoladas, como também melhorar as estruturas já existentes. É necessário inclusão, mas com qualidade”, pontuou.
Em nota, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), afirma que entre os anos de 2008 e 2012, houve uma expansão de 2,6% na instalação de agências e postos no país. “As instituições financeiras estão constantemente preocupadas em aprimorar seus canais de atendimento ao cliente e também em aumentar a capilaridade dos pontos físicos”, informou o texto.
Débora Souza
Jornal da Paraíba