36
A possibilidade do PMDB de antecipar de junho para abril a convenção nacional que escolherá o caminho da legenda nas eleições presidenciais deste ano, uma ameaça velada para expor publicamente o risco de desembarque do partido do governo, surtiu pouco efeito. No Planalto, interlocutores de Dilma classificaram a ameaça como “blefe”. Em dezembro, proposta semelhante já fora ventilada pelo partido.
O PMDB tem cinco ministérios (Minas e Energia; Previdência; Turismo; Agricultura e Secretaria de Aviação Civil) e quer ganhar a pasta de Integração Nacional.
Mas, em conversa preliminar na noite de segunda-feira com o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), Dilma sinalizou ter outras prioridades. A presidente disse que precisa contemplar outros aliados, como PTB, Pros e PSD, e assim evitar que eles migrem para a oposição.
Também avaliou que o PSD, de Gilberto Kassab, está sub-representado e disse que tende a manter o PP no Ministérios das Cidades, pois não quer ver o aliado gravitando na órbita de algum dos dois principais adversários nas eleições deste ano.
O objetivo da presidente na reforma é não perder o apoio de legendas hoje na base do governo. Quanto mais partidos na chapa de um candidato, mais tempo de TV ele terá na campanha.
Dilma deu, ontem, seguimento às negociações sobre a reforma. À tarde, ela recebeu o presidente nacional do PT, Rui Falcão.
Expectativa sobre nomeação de Vital continua
A expectativa é grande em torno da reforma ministerial, ainda mais quando outro paraibano está cotado para assumir um dos Ministérios: o senador peemedebista Vital do Rêgo Filho. O 1º vice-presidente da executiva nacional do PMDB, o senador Valdir Raupp, informou que não há nada de concreto, ainda, dos nomes que vão compor os ministérios, mas que o do senador paraibano é unanimidade dentro do partido.
O senador Raupp disse que o vice-presidente da República, Michel Temer, é o interlocutor do PMDB junto à presidente Dilma Rousseff e está passando as informações à cúpula do partido. Raupp informou que Temer já teve duas conversas com Dilma, mas que a reforma ministerial ainda é um desenho e não tem nada concreto. “A presidente está colocando Temer a par de tudo para dar uma opinião definitiva quanto a questão da reforma. A presidente deixou muito claro que não tem nada concluído, mas que deve ter alguma coisa na próxima semana”, informou.
Raupp ainda disse que a presidente está conversando com as bases aliadas, com o PMDB e os outros partidos que compõe o governo. Porém, ele ressaltou que tudo o que se falar neste momento será especulação. “A possibilidade do senador Vital do Rêgo Filho de ir para algum ministério, que não sabemos qual, quem vai definir é a presidente. Não podemos adiantar nada. Ela vai continuar conversando isso com o vice-presidente, que vai reportar à cúpula do PMDB”, disse.
Na noite de ontem, a executiva nacional do PMDB se reuniu na residência oficial do vice-presidente para discutir a questão do espaço do PMDB na gestão, as alianças regionais e nos Estados, assim como a lógica da reforma ministerial. SParticiparam da reunião nomes como o presidente do Senado, Renan Calheiros, o líder do governo no Senado, Eduardo Braga, o presidente da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves, o próprio Raupp, entre outras lideranças do partido.
O senador Raupp finalizou afirmando que o PMDB está trabalhando em cima da nomeação do senador Vital do Rêgo Filho para ocupar algum Ministério. “Estamos trabalhando muito em cima disso, o senador tem o nosso respeito e o seu nome é unanimidade dentro do Senado, da Câmara e do PMDB nacional e com certeza vai honrar o nome do partido”, concluiu.
Portal Correio