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Sob os olhares de cerca de 80 mil pessoas, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (10), durante tributo na África do Sul, que o exemplo do líder negro Nelson Mandela inspirou o Brasil e a América do Sul. Segundo Dilma, Mandela foi “a personalidade maior do século 20”.
“Trago aqui o sentimento de profundo pesar do governo e do povo brasileiro e, tenho certeza, de toda a América do Sul pela morte desse grande líder Nelson Mandela. Personalidade maior do século 20, Nelson Mandela conduziu com paixão e inteligência um dos mais importantes processos de emancipação do ser humano da história contemporânea: o fim do apartheid na África do Sul”, disse Dilma.
Falando em nome do continente sul-americanos, Dilma foi a segunda chefe de Estado a discursar na cerimônia que lotou o estádio Soccer City, em Johanesburgo, palco da final da Copa do Mundo de 2010. O ato na arena de futebol marca o início dos cinco dias de homenagens a Mandela, até seu funeral, que ocorrerá somente no domingo (15).
Símbolo da luta contra a discriminação racial, Nelson Mandela morreu na quinta-feira (5), em Pretória, aos 95 anos. O corpo do vencedor do prêmio Nobel da Paz de 1993 será enterrado, de acordo com seu desejo, na aldeia de Qunu, localizada na província pobre do Cabo Leste, onde ele cresceu.
Autoridades de todos os continentes viajaram à África do Sul para prestar uma última reverência a Mandela. Entre os 91 líderes mundiais que prestigiaram a cerimônia estão os presidentes Barack Obama (EUA), François Hollande (França), Raul Castro (Cuba), o premiê britânico David Cameron e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
O tributo ao ícone mundial da luta pela igualdade racial teve início por volta do meio-dia (8h no horário de Brasília). Ao longo de toda a solenidade, mesmo sob intensa chuva, as milhares de pessoas que lotaram as arquibancadas cantaram e dançaram para reverenciar o ex-presidente.
A viúva de Mandela, Graça Machel, demonstrou muita emoção ao chegar à arena. Winnie Mandela, ex-mulher do líder negro, foi ovacionada ao ter seu nome anunciado pelo sistema de alto-falantes do estádio.
Autoridades
Homem mais poderoso do mundo, Barack Obama foi o primeiro presidente a discursar na cerimônia. Filho de um africano do Quênia, o chefe do Executivo norte-americano fez um breve resgate da trajetória de Mandela ao começar seu pronunciamento. Na visão de Obama, Mandela foi um “gigante da história”, que moveu bilhões pelo mundo.
Emocionado, ele lembrou da luta do ex-presidente contra o apartheid, os 27 anos em que o sul-africano passou na prisão e a gestão dele à frente do país, na década de 1990.
“Aos povos de todas as raças, o mundo agradece a vocês por compartilharem Nelson Mandela conosco. A luta dele era a luta de vocês, o triunfo dele foi o triunfo de vocês”, enfatizou Obama.
“É tentador lembrar de Mandela como um ícone sorrindo, sereno, descompromissado com os problemas normais dos seres humanos, mas ele transcendeu isso. Em vez disso, Madiba insistiu em compartilhar conosco suas dúvidas, sua fé, seus erros de cálculo, junto com suas vitórias”, completou o presidente dos EUA, ovacionado pelas arquibancadas do estádio.
Para o presidente da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, a África do Sul perdeu um “herói”. Já o mundo, ressaltou o dirigente da ONU, “perdeu um mentor”. “Nelson Mandela foi um dos maiores líderes de nosso tempo, um de nossos maiores professores”, complementou.
O tributo a Mandela foi transmitido em telões instalados em outros três estados de Johanesburgo e em mais 150 locais em toda a África do Sul. O ato também foi transmitido pela televisão para dezenas de países.
Com Cariri Ligado