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Uma mulher natural do município de Monteiro, no Cariri paraibano, está sendo suspeita de participar de um esquema de corrupção que desviou R$ 52 milhões do Ministério do Trabalho. O nome dela é Ana Cristina, da AG Log, mas ela afirma que sua empresa não tem ligação com dinheiro público. O advogado João Graça é apresentado pela cúpula do PDT como uma espécie de faz-tudo. Especializado em causas eleitorais e auxiliar durante anos do presidente da legenda, Carlos Lupi, o atual assessor especial do ministro do Trabalho, Manoel Dias, inegavelmente teve uma trajetória ascendente, que lhe deu direito a desfrutar de imenso prestígio nos bastidores do ministério, longe de holofotes e sem maiores tropeços. O anonimato, porém, acabou. Na semana passada, denúncia publicada por ISTOÉ revelou que Graça é sócio da AGX Log, uma transportadora de Betim, em Minas Gerais. Conforme investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, a empresa pode estar sendo usada para esquentar parte dos R$ 500 milhões desviados nos últimos anos do Ministério do Trabalho. Embora negasse, Graça foi sócio da AGX até agosto deste ano e suas relações com a família de Ana Cristina Aquino, uma emergente que oficialmente comanda a transportadora, vão além do que ele costuma admitir. Documentos da Junta Comercial e da Receita Federal mostram que o advogado não apenas se associou ao filho de Ana Aquino, Ednaldo da Silva, como também adquiriu quotas da empresa no valor de R$ 4 milhões. O documento que comprova a transação está na página ao lado.
As operações do grupo estão sendo investigadas desde que a polícia descobriu que pelo menos R$ 52 milhões chegaram por fontes desconhecidas à conta bancária da AG Log (segundo o site da empresa, “coligada” ao grupo AGX) mantida no Banco do Brasil na cidade de Betim. Além disso, cheques ao portador que ultrapassam R$ 1 milhão foram emitidos pelo filho de Ana Cristina com uma frequência que chamou a atenção das autoridades. Os bens da emergente também são um capítulo à parte nas investigações. Conforme documentação obtida por ISTOÉ, a AG Log pagou duas parcelas de R$ 1,5 milhão pela compra de um jato de luxo. Na garagem da mansão onde a empresária vive, há pelo menos seis carros com preço médio de R$ 150 mil cada um. Quase tudo está em nome das empresas do grupo AG, que misturam siglas e confundem suas operações bancárias e fiscais.
A proximidade do grupo com o PDT não se limita a João Graça. O contador da empresa, Marcelo Ramos, que assina as declarações de faturamento que superam os R$ 112 milhões anuais e que provocaram desconfiança nos órgãos de fiscalização, foi candidato a vereador em 2008 pelo partido. Além disso, a própria Ana Cristina de Aquino realiza reuniões para discutir as decisões partidárias em Betim, cujo diretório é comandado por seu amigo Geraldo Antunes, que também atua no transporte de veículos. “Eu não sabia de nada disso”, diz João Graça. “Fui sócio do filho dela, por um período curto de tempo na AGX, nunca na AG Log. Mas não deu certo, não tivemos lucro e a sociedade acabou. Não me dou bem com essas pessoas.” As relações entre Ana Cristina Aquino e o advogado do PDT ficaram claras numa troca de e-mails obtida por ISTOÉ, na qual os dois discutem a abertura de uma filial da empresa no Paraná. “No passado, ele foi sócio de um dos meus filhos, em uma empresa separada. Pouco tempo depois, as atividades comerciais da empresa deles não se viabilizaram no mercado e ela foi então encerrada”, diz Ana Cristina Aquino. Contrariando os principais indícios e documentos reunidos até aqui, a empresária afirma que sua empresa não tem ligação alguma com dinheiro público, com esquemas de lavagem ou pagamento de propina.
Revista IstoÉ