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Açude Pocinhos, em Monteiro
A Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa) ainda não consegue prever se o período chuvoso no Sertão, que começa a partir de janeiro, será bom. O que de certo existe é que até o fim do ano a seca promete continuar castigando milhares de paraibanos em 202 municípios em situação de emergência. O Estado está com apenas 34% do volume de água que é capaz de armazenar em 121 açudes, sendo que 53 deles estão com menos de 20% de água ou secos. Representantes do Governo do Estado se reuniram ontem para discutir a situação e planejar ações para minimizar os efeitos da estiagem, entre elas, está um projeto enviado ao Governo Federal para perfurar 1.850 poços artesianos, no Estado.
O secretário de Estado do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Ciência e Tecnologia (Semarch), João Azevêdo, contou que a reunião foi para definir ações de combate à seca, saber a situação das barragens e as perspectivas de chuvas. “Faremos agora reunião quinzenalmente. Vamos fazer um estudo aprofundando das barragens de Coremas, Mãe D’Água e Engenho Velho. Elas abastecem várias cidades e algumas estão com níveis baixos”, contou o secretário João Azevêdo. Além disso, uma das propostas de combate à seca é a ampliação da perfuração de poços. Um plano com 1.850 poços, sendo 900 perfurados e 950 recuperados, foi encaminhado ao Ministério da Integração Nacional. Este ano, a Seie já recuperou 480. Este ano, a Companhia de Desenvolvimento dos Recursos Minerais (CDRM) perfurou 207 poços artesianos.
360 mil abastecidos por carros-pipas
Conforme a Seie, 500 carros-pipa distribuem água para 360 mil pessoas que residem em 155 municípios paraibanos afetados com a estiagem. Pelo menos, 20 mil agricultores recebem ração animal desde o início da seca. Atualmente, de acordo com informações da Aesa, cinco açudes estão sangrando; 65 reservatórios com capacidade armazenada superior a 20% do seu volume total; 34 reservatórios em observação (menor que 20% do volume total) e 19 reservatórios em situação crítica (menor que 5% do seu volume total).
Quadro no Litoral é tranquilo
Segundo o presidente da Aesa, João Vicente Machado Sobrinho, a situação no litoral está tranquila. “Mas, quanto mais adentramos para o interior da Paraíba, mais a situação fica complicada por conta dos baixos índices de chuva registrados neste ano. Em relação às projeções de chuvas para o final deste ano e para 2014, ele é otimista, apesar de deixar claro que o processo de chuvas, principalmente no Nordeste, é muito dinâmico e envolve fatores complexos. “Um indicativo que temos hoje é o esfriamento das águas do Oceano Pacífico e o esquentamento das águas do Atlântico Sul, fatores importantes para a formação de chuvas. Esperamos que neste ano tenhamos uma estação chuvosa mais generosa do que a do ano passado”, previu.
Participaram da reunião sobre a seca representantes da Cagepa, Semarch, Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seie), Aesa, Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas (Empasa), Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) e outros órgão ligados ao meio ambiente.
“Situação é preocupante”
João Azevedo disse que entre as ações necessárias estão o monitoramento dos açudes e das barragens, e a redução do uso de água na irrigação, dando prioridade ao abastecimento humano. “A situação é muito preocupante, já que temos apenas 34% da capacidade de armazenamento de água. Temos uma capacidade pequena, cerca de 3,9 bilhões de metros cúbicos e temos apenas 1,36 bilhões disponíveis, o que é muito pouco para uma situação de estiagem que temos enfrentado há dois anos. Nossas reuniões definirão o melhor uso da água que temos acumulada, para que o abastecimento possa ser feito de forma estendida, beneficiando à população pelo maior tempo possível”, analisou o secretário.