No interior, é conhecido um ditado popular: “chegou a hora da onça beber água”. A expressão é sempre dita em situação tensa, que exige uma solução imediata. Para o governador João Azevêdo (PSB), que vive uma situação tensa em seu grupo na disputa pela única vaga de senador na sua chapa, essa hora chegou.
De um lado, o deputado federal Efraim Filho (União Brasil), e do outro, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (Progressistas).
A preferência por Aguinaldo Ribeiro é notória por todos. Fala-se que existe um acordo firmado em 2020, quando houve a união em prol da candidatura do prefeito eleito de João Pessoa, Cícero Lucena. Na época do acordo, o foguete Efraim Filho estava estacionado numa base espacial em preparação para voar.
Efraim se preparou e decolou, e seu voou tomou proporções que o governo não pode mas controlar. Formou uma base sólida, com prefeitos aliados do governo, deputados estaduais e federais, além da preferência de alguns auxiliares do Palácio da Redenção, mesmo de forma discreta e nos bastidores.
Um detalhe, tem que ser levado em conta: a base de Efraim é a base do governo, e está firme com ele. Veja-se, no meu Cariri, dos 18 prefeitos que apoiam o governador, apenas cinco não apoiam Efraim.
Para o governador a presença dos dois deputados federais postulantes ao Senado é importante. É a garantia de uma reeleição tranquila e ser resolvida no primeiro turno. O núcleo do governo está pesando os seus pós e contras na difícil escolha que João terá que fazer.
Efraim é aliado nato, não de hoje, sua saída e de seu grupo gerará um fato na política. Seria uma perca para o governo. Um soldado a menos e um a mais contra. Escolhendo Efraim, e rifando Aguinaldo, o governo perderia de ganhar. Pois Aguinaldo nunca foi aliado de verdade, está em cima do muro, junto com sua irmã, a Senadora Daniela Ribeira e seus aliados, exceto o prefeito Cícero Lucena, querendo ser escolhido na base da pressão silenciosa.
Mas, a presença de Aguinaldo no grupo também é importante para reeleição do governador, pois ele tem os prefeitos da maioria dos principais colégios eleitorais do Estado, como João Pessoa, Santa Rita, Bayeux e Cajazeiras.
Se eu pudesse dar um conselho ao governador, seria o de não impor um candidato. Nem um, e nem outro. Mas sim, propor uma decisão justa e que, se algum decida sair, que saia, mas que o governador não leve a culpa de abandonar um aliado.
O melhor caminho seria a realização de uma pesquisa, o que melhor se sair, seria o candidato ao Senado, e o segundo, o candidato a vice, ou indicaria alguém. Essa seria a melhor forma, pois os ferimentos seriam menores. As mágoas também. Seria uma forma de escolha e decisão justa, sem forçar a saída de ninguém, e sim, a permanência onde caiba cada um.
Mas, o jogo já está jogando, e só não ver quem não quer. Uma decisão errada agora, custará caro a frente. Pois já diz o ditado, toda ação tem sua reação e consequência.
É uma escolha difícil, mas assim como na vida, a política é feita de escolhas, e João fará a dele.
Redação