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O número de feminicídios aumentou 50% em abril, com relação à soma dos casos do primeiro trimestre de 2019, na Paraíba. Os dados são da Secretaria de Segurança e Defesa Social (Seds) e mostram que, das nove mortes de mulheres no mês de abril, seis estão sendo investigadas como feminicídio. O número é maior do que o que foi registrado nos três primeiros meses do ano somados (4 feminicídios).
Em janeiro, das quatro mulheres assassinadas, duas foram feminicídio. Em fevereiro, o número caiu 25%, quando três mulheres foram mortas. Duas delas, especificamente, por homicídio doloso. O outro caso é tratado pela Polícia Civil como feminicídio. Em março, o número e a proporção do feminicídio permaneceu o mesmo de fevereiro.
Os casos ainda estão sob investigação, mas o investigado até o momento sobre o crime leva a um dado preliminar de feminicídio. A lei nº 13.104, sancionada em 2015 pela ex-presidenta Dilma Rousseff, inclui o feminicídio no rol dos crimes hediondos. É feminicídio o homicídio contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, isto é, quando envolve violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Ao todo, no mês de abril, houve 84 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), sendo nove com mulheres.
Para a professora de direito penal, Sabrinna Cavalcanti, há dois pontos a serem notados no aumento dos casos de feminicídio: a tipificação “feminicídio”, adotada em 2015 para diferir os tipos de homicídios praticados contra mulheres, e a volta de ideais conservadores e machistas, que oprimem o sexo feminino de buscar igualdade de direitos na sociedade.
“Um dos fatores é o próprio conceito de feminicídio, pois muitas mortes causadas por violência doméstica não chegavam à estatística. Mas também destaco a volta do discurso conservador, que busca fazer com que a mulher se mantenha restrita ao ambiente doméstico. Isso vai contra a evolução que ocorreu na luta pelo direito das mulheres. Esse conflito, muitas vezes, acaba em morte”, explica Sabrinna.
Crimes semelhantes
O mês de abril foi cruel para as mulheres. A Semana Santa foi marcada por crimes que chocaram pela semelhança e brutalidade. No dia 16 de abril, Aderlon Bezerra de Souza, de 42 anos, matou Dayse Auricea Alves, de 40 anos. Em seguida, ele deu um tiro na própria boca e morreu. O crime aconteceu em um motel de Campina Grande. O casal estava separado e teria ido ao local comemorar o aniversário de Dayse.
O mês de abril foi cruel para as mulheres. A Semana Santa foi marcada por crimes que chocaram pela semelhança e brutalidade. No dia 16 de abril, Aderlon Bezerra de Souza, de 42 anos, matou Dayse Auricea Alves, de 40 anos. Em seguida, ele deu um tiro na própria boca e morreu. O crime aconteceu em um motel de Campina Grande. O casal estava separado e teria ido ao local comemorar o aniversário de Dayse.
O homem mandou mensagens no WhatsApp para o irmão dele informando que matou a mulher e que iria se matar em seguida com um revólver. As capturas de tela mostram que às 21h02 o homem mandou “Ei, matei Dayse, estou me suicidando agora”. Em seguida ele liga duas vezes para o irmão e continua: “Estou no parque motel, suíte 24, agora não tem mais jeito. Xau mano”. O irmão ainda tenta perguntar “com quem?” e Aderlon responde: “revólver”.
Para a polícia, Aderlon planejou a morte da esposa, no entanto, Dayse foi para o motel espontaneamente, segundo a delegada Nercília Dantas. “Ela confiava nele”, explicou. Ainda segundo o irmão dele, no dia do crime o homem deu um abraço nele e na mãe, como estivesse se despedindo. O casal deixa duas filhas, uma de 8 anos e outra de 17. Eles foram enterrados lado a lado, no mesmo túmulo, no mesmo cemitério. Aderlon Bezerra não tinha posse de arma.
Dois dias depois, a história se repetiu com personagens diferentes. No bairro da Torre, em João Pessoa, um empresário matou a ex-companheira com três tiros e, em seguida, se matou com um tiro no ouvido. A arma foi encontrada embaixo do corpo dele. O crime todo aconteceu em frente a uma concessionária de veículos.
O delegado Diego Garcia informou que os dois estavam separados há cerca de dois meses e o suspeito não aceitava o fim do relacionamento. Antes de atirar, o suspeito identificado como Marconi Alves Diniz, teria discutido com Tâmara de Oliveira.
Marconi também deu sinais de que o crime poderia aconteceu. Três dias antes do crime, ele publicou uma mensagem nas redes sociais. “A humilhação que você passa vai acabar junto com o seu problema nesta quinta-feira, basta você acreditar”, diz a mensagem publicada na segunda-feira (15).
De acordo com o delegado Diego Garcia, que atendeu a ocorrência, algumas mensagens de despedida foram encontradas no celular de Marconi. “Elas mostravam que talvez ele fosse tirar a própria vida, mas não que fosse matar ela”, explica.
Morte a facadas
Antes do dois crimes, Marilene da Silva foi morta com trinta facadas pelo companheiro dela, José Jorge Bernardo. Ele confessou o crime e disse que matou a companheira porque descobriu uma traição dela. José Jorge foi preso no local do crime, com a faca usada no homicídio.
Antes do dois crimes, Marilene da Silva foi morta com trinta facadas pelo companheiro dela, José Jorge Bernardo. Ele confessou o crime e disse que matou a companheira porque descobriu uma traição dela. José Jorge foi preso no local do crime, com a faca usada no homicídio.
Com G1-PB