Açude de Boqueirão ganha 7 milhões de m³ de água em um mês, após transposição

Completado um mês do encontro das águas da transposição do Rio São Francisco com o espelho d’água do açude Epitácio Pessoa, conhecido como açude de Boqueirão, no Cariri paraibano, o reservatório já teve uma recarga de 7,7 milhões de metros cúbicos de água. O volume chegou a 4,8% da capacidade total. Em 18 de abril de 2017, quando as águas se encontraram, o açude estava com apenas 2,9%, sendo considerado o pior nível da história.

Segundo a Cagepa Borborema, apesar contínuo aumento no volume de água de Boqueirão, ainda não foi possível perceber uma melhora na qualidade da água do açude.

De acordo com os dados divulgados pela Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa) na manhã desta sexta-feira (19), após a medição das 24 horas anteriores, o açude de Boqueirão está com 19.659.609 de metros cúbicos de água. Ele tem capacidade para 411.686.287 metros cúbicos. Quando estava com 2,9%, o reservatório tinha cerca de 11,9 milhões de metros cúbicos.

As águas que estão abastecendo o açude de Boqueirão saem da barragem de Itaparica, no Rio São Francisco, em Petrolândia, no Sertão pernambucano e segues pelo eixo leste da obra até a cidade de Monteiro, no Cariri paraibano, por meio de canais, aquedutos, estações elevatórias de água e túneis. Depois de chegar a Monteiro, a transposição deságua no Rio Paraíba e segue seu caminho natural entre o Cariri e Litoral da Paraíba.

O açude de Boqueirão é usado pela Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba (Cagepa) para o abastecimento da população de Campina Grande e outras 18 cidades do Agreste paraibano. A última vez que o açude teve uma sangria foi em 2011. Por causa da crise hídrica nos últimos 5 anos, desde dezembro de 2014, as cidades abastecidas estão em racionamento de água e algumas delas chegam a passar até 15 dias sem receber água encanada, tendo que recorrer a poços artesianos e carros-pipa.

Qualidade da água

Outro problema encontrado com o baixo volume de água no açude de Boqueirão é a qualidade da água. Desde que açude ficou com menos de 20% da capacidade máxima, a Cagepa entrou em estado de alerta para a presença de cianobactérias e cianotoxinas, que tornam a água imprópria para o consumo humano.

Por isso, antes de ser distribuída para a população, a água passa por um rigoroso tratamento a base de peróxido de hidrogênio, que torna ela potável entre os padrões de potabilidade da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“A captação da água que fazemos as análises é feita próximo a barragem. A água do Rio São Francisco ainda está chegando e ocupando o açude. Esta semana fizemos coletas e a água continua do mesmo jeito, pelo menos onde a coleta é feita. Acredito que quando o açude começar a sair do volume morto é que iremos ter a melhora comprovada através das análises”, explicou o gerente regional da Cagepa Borborema, Ronaldo Menezes.

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