Reunião comandada por Bolsonaro revela arranjo de dinâmica golpista na alta cúpula do governo, diz Moraes

(Tóquio - Japão, 23/10/2019) Palavras do Presidente da República, Jair Bolsonaro. Foto: José Dias/PR

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a descrição pela Polícia Federal (PF) da reunião convocada e comandada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) em julho de 2022 revela o arranjo de dinâmica golpista no âmbito da alta cúpula do governo.

O encontro aconteceu no dia 5 de julho de 2022 e contou com a participação dos ministros Anderson Torres, da Justiça e Segurança Pública, Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, da Defesa.

Também participaram o então chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência Mário Fernandes, e o ex-ministro e então futuro candidato a vice-presidente Walter Souza Braga Netto (PL).

Um vídeo da reunião foi encontrado no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro.

“A descrição da reunião de 5 de julho de 2022, nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo”, afirma Moraes na ordem que autorizou a deflagração da operação policial nesta quinta-feira (8).

O ministro diz que todos os investigados que participaram da reunião tomaram parte no sentido de validar e amplificar a massiva desinformação e as narrativas fraudulentas sobre as eleições e a Justiça Eleitoral lançadas e reiteradas contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e contra ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Moraes sustenta que a potencialização do processo de propagação de desinformação para gerar descrédito contra o processo eleitoral brasileiro também contou com a participação de diversos outros investigados.

Em diálogos mantidos com Mauro Cid, em outubro de 2022, o militar tratou sobre identificação de fictícia fraude no primeiro turno das eleições.

Os investigadores alegaram ao STF que a reunião convocada por Bolsonaro também teve como finalidade cobrar dos presentes conduta ativa na promoção da ilegal desinformação e ataques à Justiça Eleitoral.

“Promoção e a difusão, em cada uma de suas respectivas áreas, desinformações quanto à lisura do sistema de votação, utilizando a estrutura do Estado brasileiro para fins ilícitos e desgarrados do interesse público”, citam os investigadores, de acordo com o ministro.

De acordo com Alexandre de Moraes, essa narrativa construída e difundida pelos investigados “serviu como um dos elementos essenciais para manter mobilizadas as manifestações em frente às instalações militares, após a derrota eleitoral e, com isso, dar uma falsa percepção de apoio popular, pressionando integrantes das Forças Armadas a aderirem ao Golpe de Estado em andamento”.

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